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Dia de Dandara e da Consciência da Mulher Negra

Primeira e única mulher de Zumbi reconhecida, princesa de Palmares e mãe dos três filhos de Zumbi. Dandara era guerreira valente e auxiliou muito Zumbi quanto às estratégias e planos de ataque e defesa de Palmares. Em 06 de fevereiro de 1694, para não voltar à condição de escrava, Dandara se matou jogando-se da pedreira mais alta de Palmares, que ficava nos fundos do principal mocambo – a Cerca dos Macacos – quando da queda do Quilombo de Palmares.

Dandara não era muito apta aos serviços domésticos da comunidade, plantava como todos, trabalhava na produção da farinha de mandioca, aprendeu a caçar, mas, também aprendeu a lutar capoeira, empunhar armas e quando adulta liderar as falanges femininas do exército negro palmarino. Dandara foi uma das provas reais da inverdade do conceito de que a mulher é um sexo frágil.

Quando os primeiros negros se rebelaram contra a escravidão no Brasil e formaram o Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, em Alagoas, Dandara estava junto com Ganga Zumba. Participou de todos os ataques e defesas da resistência palmarina. Na condição de líder, Dandara chegou a questionar os termos do tratado de paz assinado por Ganga Zumba e pelo governo português. Posicionando-se contra o tratado, opôs-se a Ganga Zumba, ao lado de Zumbi.

Sempre perseguindo o ideal de liberdade, Dandara não tinha limites quando estavam em jogo a segurança de Palmares e a eliminação do inimigo. Chegando perto da cidade do Recife, depois de vencer várias batalhas, Dandara pediu a Zumbi que tomasse a cidade, isso é uma prova da valentia e mesmo um certo radicalismo dessa mulher. Sua posição era compartilhada por outras lideranças palmarinas. Ao invés da paz em troca de terras no Vale do Cacau que era a proposta do governo português, Dandara preferiu a guerra constante, pois via nesse acordo a destruição da República de Palmares e a volta à escravidão.

Precisamos destacar um dos grandes problemas que ainda vivemos em nossa sociedade a questão do preconceito racial e cultural, isto está mudando com o passar dos anos, mas ainda é papel de todos para que este avanço ocorra de forma mais rápida, expressiva e significativa. Cumpre ressaltar que atualmente as mulheres negras correspondem a mais de 49,3%(segundo dados o IBGE) da população do Brasil.

O Dia de Dandara foi idealizado pela necessidade da valorização e reconstrução de uma heroína de origem afro descendente.Sua história resiste, vive e pode ser vista em cada pessoa que se identifica com suas origens, luta por igualdade, acredita em seus sonhos e exemplifica “Dandara” que faz da insegurança sua força e do medo de padecer seu alimento na luta por uma sociedade justa para brasileiros e brasileiras. É de grande importância conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer tipo de discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais.

As desigualdades no Brasil fazem parte da formação histórica, das dinâmicas da sociedade e de suas estruturas. Há uma espécie de lógica estabelecida na sociedade que produz e mantém, ao longo da história, hierarquias, questões regionais, étnico-raciais, etárias, de sexo e territoriais. O racismo é uma das expressões mais fortes dessas desigualdades, atingindo em torno de 52% da população brasileira. Na saúde, essas desigualdades se refletem nos dados epidemiológicos que evidenciam diminuição da qualidade e da expectativa de vida da mulher negra, tanto pelas altas taxas de morte materna e infantil como pela violência vivenciada de forma mais intensa por esse grupo populacional.

Sem dúvidas as atuais medidas para o acesso das classes menos favorecidas, em especial as mulheres nas universidades, tem mudado a realidade de diversos jovens das favelas e comunidades. Estas políticas talvez tenham sido uma das melhores medidas tomadas nos últimos anos para o acesso ao ensino superior.

Tais desigualdades se manifestam frequentemente em estereótipos e nas intolerâncias polarizadas em torno da raça, cor e sexo, assim como em outras diversidades sociais, pois as relações raciais estão enraizadas na vida social do indivíduo, grupos e classes sociais.
Através deste projeto objetivamos acentuar a importância de Dandara no processo de valorização da mulher negra na história da construção de nosso país e sua importância cultural, como agente transformador do ambiente onde vivenciam sua influência no mundo, valorizando a diversidade, posicionando-se a favor da liberdade e igualdade entre todos.

Dandara foi uma das grandes lideranças femininas negras que lutou, junto com Zumbi dos Palmares. Dia de Dandara e da Consciência da Mulher Negra LEI Nº 7270 DE 02 DE MAIO 2016.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa