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Dia Estadual da Comunidade Árabe

A lei 6494/2013 instituiu no calendário oficial do estado do Rio de Janeiro, o Dia da Comunidade Árabe. O auge do movimento migratório de sírios e libaneses para o país ficou entre as décadas de 1920 e 1930, devido, principalmente, às ocupações inglesa e francesa no Oriente Médio e às consequências da Primeira Guerra Mundial na região.

Atraídos para a Amazônia durante o ciclo da borracha, se dirigiam também para São Paulo e Minas Gerais. Com a prosperidade, fundaram hospitais, centros culturais e clubes. Um dos mais conhecidos, no Rio de Janeiro, é o Clube Monte Líbano, fundado em 12 de setembro de 1946.

A contribuição sírio-libanesa também se deu no elo cultural mais forte entre os brasileiros, que é a língua pátria. Em especial por meio das palavras que se iniciam com “AL”, como alicate, almofada e alface, mas também em outras, muito comuns, como laranja e limão. “A língua portuguesa, particularmente abundante em construções e vocabulário árabes, é altamente esclarecedora quanto à importância da estrutura desta cultura nas formulações estéticas e subjetivas da sociedade brasileira”, afirma o professor ElHajji, lembrando que, muito antes da imigração sírio-libanesa, durante quase oito séculos a Península Ibérica esteve ocupada por árabes. “Várias fontes históricas apontam para uma presença efetiva de elementos árabes e mouriscos até nas caravelas.”

Muitos dos imigrantes que chegaram ao Brasil adotavam o ofício de mascates, mas quando alcançavam uma relativa prosperidade, abriam suas próprias lojas. Havia, no entanto, entre eles, profissionais formados na Universidade Americana de Beirute. No Rio de Janeiro, os recém-chegados se fixaram inicialmente na região da Rua da Alfândega, no centro da cidade, conhecida na atualidade como Saara – Sociedade de Amigos e Adjacências da Rua da Alfândega. “Eles se estabeleceram no ponto imediatamente sucessivo ao lugar de desembarque – o ponto geográfico mais próximo de sua terra de origem.”

Atualmente, não tem carioca que não conheça um curso de dança do ventre ou que não se delicie com a culinária árabe. Faz tempo que quibes e esfirras foram incorporados ao rol dos salgadinhos que não podem faltar numa boa festa. A alegria carioca tem muito da influência do grupo étnico árabe, sabidamente festeiro, e um ranking, em especial, contribui para confirmar essa hipótese, já que o Rio de Janeiro é a segunda cidade do Brasil em número de sírio-libaneses e seus descendentes.

“Toda a história da imigração árabe para o Brasil é constituída de iniciativas e aventuras pessoais ou familiares, e não pela imigração de massa organizada, planejada e subsidiada”, ressalta o professor. “A Saara é uma expressão de resistência por parte de um grupo minoritário, que não era desejado nem previsto nos planos da classe dominante.”

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa

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