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Direito a Memória e História promoveu DebatePapo em live sobre João Cândido

Live promovida pela ComCausa (12/05), coordenada pelo historiador Peter Sana, promove conversa com Vinícius Baião, que dirigiu um espetáculo sobre a vida de João Cândido. O DebatePapo discutiu algumas particularidades da vida de João Cândido, sua trajetória, seu sofrimento e até sua loucura, trazendo a questão para um momento propício em nossa semana de luta antimanicomial.

João Cândido, o “Almirante Negro”, eternizado na canção de João Bosco e Aldir Blanc, o “Mestre Sala dos Mares” foi o líder de um dos maiores gritos de nossa história contra o racismo: a Revolta da Chibata de 1910. Este mesmo herói, hoje tem uma estátua, erguida em 2008, que é um monumento à memória do herói nacional. Porém, existe uma luta do governo dos Bolsonaros para minimizarem seus feitos e gerarem uma trava para que seu nome não seja escrito no “Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria”.

No final de 2019, o deputado Eduardo Bolsonaro pediu que o projeto de lei que pedia tal inclusão – de autoria do deputado Chico D’Ângelo – passasse antes pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, da qual era presidente, pedido acolhido pelo então presidente da Câmara, Rodrigo Maia. O parlamentar designado como relator da proposta foi o pastor Marco Feliciano. De lá pra cá, nenhuma decisão foi tomada.

Já havia sido feita uma tentativa, em 2007, por meio do então senador Paulo Paim e da deputada Maria do Rosário. Porém, o deputado Severiano Alves, relator da Comissão de Educação e Cultura, rejeitou o pedido e teve seu parecer chancelado pela comissão, em 2008. A justificativa usada foi o fato de que a Marinha já havia vetado uma homenagem a Cândido em 1959 e que a Revolta da Chibata era entendida pelos militares como motim e quebra de hierarquia e não como um ato heroico, relata Thiago Mourelle.

 João Cândido foi “perdoado” oficialmente pelo governo brasileiro apenas em 2006, já passados 96 anos da Revolta da Chibata e 37 de sua morte. No fim de sua vida, recebia apenas uma pensão vitalícia de seu estado natal, o Rio Grande do Sul, graças ao esforço do então governador Leonel Brizola. Passou a receber o benefício em 1959, já com 79 anos, e com esses dois salários mínimos passou os dez últimos anos de sua vida.

Peter Sana e Vinícius Baião fizeram uma homenagem ao Almirante Negro trazendo a tona sua vida para o debate, sua história, a memória de seus entes, a proximidade com o cidadão da Baixada Fluminense e a semelhança com a rotina de milhares de moradores da região.

Para a live na íntegra, acessem o vídeo abaixo:

Para maior contato com o professor e coordenador do projeto Memória e História Peter Sana, acesse o canal no YouTube.

Veja completo no Youtube da ComCausa:

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Peter Sana

Professor SEEDUC, formado em história, filosofia, pós graduado em sociologia, mestre em educação e doutor em história social.