Baixada Fluminense

Há 103 anos nascia Dom Adriano Hipólito

Dom Adriano nasceu no Sergipe como Fernando em 18 de janeiro de 1918, foi ordenado em Salvador em 1942. Chegou na Baixada nos anos mais duros da Ditadura e se tornou figura importante para a história, tanto da Igreja Católica quanto das lutas sociais da região. Enfrentou a violência da repressão dos grupos de extermínio apoiados pelos políticos locais e pela ditadura. Acolheu os perseguidos políticos e sociais, em alguns casos dentro da própria estrutura diocesana.

Paralelo a isso, foi um articulador de diferentes movimentos e lideranças dos bairros onde a Igreja estava inserida. Após anos de ameaças, chegou a ser aconselhado por amigos e até por superiores a deixar a Baixada, insistiu em continuar seu trabalho. Em 1976 foi sequestrado, espancado e deixado nu pintado de vermelho. Posteriormente seu fusca foi roubado e explodido em frente à sede CNBB no Rio.

Outros episódios marcaram esta história de resistência, como 1977 quando homens armados até com invadiram o Centro de Formação de Líderes da Igreja, no bairro Moquetá em Nova Iguaçu e impediram a realização de congresso sobre direitos humanos. No dia 9 de novembro de 1979, a Catedral de Santo Antônio de Jacutinga, sede da Diocese da cidade, e a igreja do bairro da Prata amanheceram pichadas com frases escritas com tinta spray vermelha: “Aqui sede do PCB” e “O bispo é comunista”. No dia 20 de dezembro de 1979, uma bomba explodiu no altar da catedral da Diocese e destruiu portas, janelas e o sacrário, ferindo um operário que montava um presépio de Natal.

Mesmo após a redemocratização no anos 1980, Dom Adriano que questionava as autoridades investigações para a elucidação, punição dos culpados pelos assassinatos do Esquadrão da Morte na Baixada e continuou sua atuação também pelos direitos mais essenciais, como moradia, transporte, trabalho, saneamento e saúde. Em 1993, Dom Adriano inaugurou o Centro de Direitos Humanos, para continuar o trabalho da Comissão de Justiça e Paz. Logo após, em 1994 passa o comando da Diocese de Nova Iguaçu para o Bispo Dom Werner Franz Siebenbrock e assume a Sociedade de Defesa dos Direitos Humanos e da Cidadania. No dia 10 de Agosto de 1996, nosso Dom Adriano Hypolito falece aos 78 anos.

O religioso era protetor da população mais pobre e defensor dos direitos humanos mais básicos. Exatamente por conta de seus posicionamentos, Dom Adriano foi tido como comunista pelos militares, apesar de nunca se se posicionar ideologicamente, sendo humanista por princípio Cristão. Assim, como fonte de inspiração por seus atos, do “pastor que andava com as ovelhas” – como disse Gilney Vianna, então coordenador do Projeto de Memória e Verdade da Secretaria de Presidência da República -, a ComCausa o tem com referência de persistência e fé. Um dos personagens de maior referência na luta pelos direitos humanos na Baixada Fluminense. Esta semana, o chamado “o apóstolo da Baixada”, completaria 108 anos no dia 18 de janeiro.

Novo portal Dom Adriano nesta sexta

Na época do centenário do Adriano, a ComCausa colocou no ar um memorial em sua homenagem. Entretanto, Após mudar o site da instituição para outra plataforma, este portal foi desativado. No início deste ano ficou decidido a retomada desses memoriais que seriam ligados ao projeto REDE.DH e a Rede Virtual Pelo Cultura De Direitos da ComCausa.

Assim, nesta sexta-feira, dia 22 de janeiro, a ComCausa colocará o portal no ar novamente, no endereço www.comcausa.net/domadriano. Paralelamente, até o final do mês, a ComCausa irá resgatar uma série de fotos da trajetória de Dom Adriano no canal Coisas Boas Da Baixada.

Adriano Dias

Jornalista militante e fundador da #ComCausa

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