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Cemitério de Dom Bosco em Perus

No dia 04 de setembro, foi aberta a vala clandestina, do cemitério de Dom Bosco, em Perus, na zona oeste de São Paulo. Nela havia 1.049 conjuntos com ossos. “Em 26% deles há mistura de indivíduos. Ao todo, nós estimamos que os restos de 1,3 mil a 1,4 mil pessoas estavam na vala”, afirmou o professor Edson Teles, coordenador do CAAF. Durante os trabalhos no centro forense, os peritos separaram as ossadas que tinham possibilidade de serem de desaparecidos com base em critérios de altura, sexo, idade. Selecionaram 901 ossadas e extraíram material genético dos ossos para os exames de DNA. “A conclusão dessa fase dos trabalhos será um marco na história da vala”, disse Teles.

Os trabalhos de identificação das ossadas encontradas na vala comum com 901 caixas de ossos tinham material genético compatível com os 40 desaparecidos políticos que teriam sido enterrados no lugar por agentes da ditadura militar.

Entre eles foram identificados cinco desaparecidos políticos: Dênis Casemiro, Frederico Antonio Mayr, Flávio de Carvalho Molina, Dimas Antonio Casemiro e Aluísio Palhano Ferreira.

O então ministro Pepe Vargas da Secretaria de Direitos afirmou que as ações de busca da verdade do que aconteceu na ditadura eram tarefas fundamentais de um estado democrático, sendo importante tanto para compreender a forma de repressão e prevenir que isso ocorra novamente, quanto para a significação da reparação simbólica das vítimas da ditadura. O secretário municipal de Serviços, Simão Pedro, disse que com esta busca eles estavam “virando uma nova página” e construiu dois monumentos no cemitério de Perus e da Vila Formosa para confortar as famílias dos falecidos e para que possam homenageá-los. Dentre esses monumentos, um deles é o grafite que foi feito com parceria do Perusferia de Graffitti.

Devido à dimensão tomada juntamente com as organizações dos direitos humanos e a ação promovida por familiares, no lugar onde antes era a Vala Clandestina, foi inaugurado um monumento em homenagem aos desaparecidos recém encontrados, no dia 26 de agosto de 1993, durante o mandato da então Prefeita Luiza Erundina de Souza. Um muro com a seguinte frase “Aqui os ditadores tentaram esconder os desaparecidos políticos, as vítimas da fome, da violência do estado policial, dos esquadrões da morte e, sobretudo os direitos dos cidadãos pobres da cidade de São Paulo. Fica registrado que os crimes contra a liberdade serão sempre descobertos”, de autoria de Ricardo Ohtake, foi construído. Passados alguns anos, o monumento (muitas vezes chamado de memorial) agora é tido como ponto de referência para atos públicos e ritos de memória, como por exemplo homenagem a indigentes.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa