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Passeata dos 100 mil

Em 26 de junho foi marcada a manifestação, permitida pela polícia devido às más repercussões acerca do conflito entre militares e estudantes em outra manifestação cinco dias antes que foi chamada pela imprensa de “sexta-feira sangrenta”. Os manifestantes se concentraram na Avenida Rio Branco, no centro do Rio de Janeiro, e saíram dali às 14h em marcha em direção à Igreja da Candelária, onde havia acontecido a missa de protesto contra a morte do estudante. Ao chegar na Igreja, o líder estudantil, Vladimir Palmeira fez um discurso em protesto contra a ditadura militar, relembrando a morte do estudante. Mais tarde, preso e torturado, Vladimir foi um dos quinze presos políticos enviados ao México no episódio do sequestro do embaixador Charles Elbrick, em 1969.

Os manifestantes caminharam pelas ruas do centro do Rio, gritando slogans como “Abaixo a ditadura”, “O povo organizado derruba a ditadura”, “Só povo armado derruba a ditadura”, Libertem nossos presos” e “Abaixo o MEC-Usaid”. Diante das lojas fechadas, os estudantes pediam: “Abram suas portas; quem quebra é a polícia”. Os comerciantes, ao atender aos apelos, eram saudados com aplausos.

Durante a marcha, foi eleita uma comissão de representantes da sociedade civil, que seria recebida pelo general Costa e Silva dias depois. No encontro, o grupo pediu a libertação de estudantes presos, mais verbas para as universidades e mais vagas, o fim da censura e a reabertura do restaurante Calabouço. Nenhuma das reivindicações foi aceita. Por isso, na semana seguinte 60 mil estudantes voltariam a realizar uma passeata no centro do Rio, mas o auge do movimento já havia passado.

A Passeata dos Cem Mil marcou o ápice da reação da sociedade contra o regime, a censura, a violência e a repressão às liberdades. Mais uma vez, a ditadura iria reagir endurecendo o regime, como se veria no final de 1968. Portando faixas com dizeres contrários à ditadura, o grupo chegou a cerca de 100 mil manifestantes. Com duração de aproximadamente três horas, a passeata foi encerrada sem confronto policial às portas da Assembleia Legislativa.

Dessa forma, a Passeata dos Cem Mil, como ficou conhecida, foi considerada uma manifestação que demonstrou aos militares a maturidade dos manifestantes em torno da luta contra o regime militar e a insatisfação popular diante dos métodos utilizados para reprimir qualquer um que fosse contrário às decisões do governo.

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Adriano Dias

Jornalista militante e fundador da #ComCausa

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