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Semana de Combate ao bullying e ao cyberbullying

No calendário oficial do Rio de Janeiro, a primeira semana do mês de abril deverá ser dedicada ao combate ao bullying e ao cyberbullying nas escolas públicas e privadas do estado.

Criada em homenagem às vítimas do ataque ocorrido na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na cidade do Rio, a lei 6401 de 05 de março de 2013, prevê que “Semana de Combate ao Bullying e ao Cyberbullying” nas escolas públicas e privadas do Estado do Rio de Janeiro, consistindo na realização de estudos, palestras e outras atividades ou apresentações de caráter didático e de interação social, desenvolvidas no decorrer da semana para conscientização, prevenção e combate à tais práticas em ambiente escolar.

Além desta lei, em 6 de novembro de 2015 o governo federal publicou a Lei nº 13.185, “institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (bullying) em todo o território nacional”. O programa fundamenta ações do Ministério da Educação e das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, dentre demais órgãos relacionados.

O que é bullying e cyberbullying?

A palavra de origem inglesa bullying tornou-se uma expressão, aqui no Brasil, referente a situações em que uma pessoa ou mais agride outra (verbal ou fisicamente) sem nenhum motivo aparente.

O cyberbullying, por sua vez, refere-se ao tipo de agressão feita de forma virtual, em que a internet (sendo essa a diferença entre o bullying e cyberbullying) é o meio de propagação de ataques que visam a ferir a imagem da pessoa perante os amigos, a família, os amigos de trabalho e a sociedade por meio de ofensas verbais e calúnias, muitas vezes, sem controle por parte da vítima.

Os aplicativos de troca de mensagens são um tema relevante e que merece a atenção dos pais, já que conteúdos de nudez e até mesmo sexo podem ser utilizados contra quem aparece nos vídeos e nas imagens como forma de vingança, humilhação e, em alguns casos, de resgate financeiro quando o aparelho que contém as mídias sofre alguma invasão de hacker.

Ainda são considerados bullying e cyberbullying episódios repetitivos de intimidação, difamação, perseguição, humilhação e exposição vexatória. Ambas as agressões afetam negativamente a vida da pessoa que sofre tais atos, e em se tratando de crianças e adolescentes, a preocupação é maior, uma vez que o suicídio é uma das ações tomadas para limitar tal sofrimento.

Casos de cyberbullying e bullying no Brasil

O Brasil ostenta números preocupantes de casos de cyberbullying e bullying , pesquisas apontam que 61% das crianças e adolescentes já presenciaram bullying e cyberbullying e que as meninas representam 31% dos alvos contra 24% em relação aos meninos. Casos mais comuns são as motivações de ataques por conta da aparência (peso, corpo, rosto etc.), mas ultimamente a questão racial, religiosa, orientação sexual tem sido os principais motivadores.

Como identificar bullying e cyberbullying?

Estar atento ao comportamento do filho deve ser parte da rotina dos pais, portanto, observar as atitudes em casa e em outros momentos faz a diferença em longo prazo na vida profissional e pessoal.

Laço verde e campanha de prevenção

Todos os anos a ComCausa se associa aos familiares dos Anjos de Realengo e busca contribuir em atividades de campanhas de prevenção da violência do bullying em suas múltiplas formas: física, psicológica, verbal, sexual, religiosa etc. Nesse sentido, buscamos discutir o assunto no âmbito escolar, acadêmico e social como uma expressão particular de violência ocorrida na escola.

Atentados em escolas

Por mais que as motivações dos ataques em escolas tenham diversas motivações, a prática do bullying é apontada como um dos principais gatilhos que acionam os atos violentos. Segundo documento do governo federal, de dezembro de 2022:

“São normalmente associados ao bullying e situações prolongadas de exposição a processos violentos, incluindo negligências familiares, autoritarismo parental e conteúdo disseminado em redes sociais e aplicativos de trocas de mensagem”.

Em todos os casos, os assassinos eram alunos ou ex-alunos da instituição da escola invadida. Ao todo, houve 16 ataques à escola no Brasil desde o início do ano 2000, quatro deles no segundo semestre do ano passado. Além das 35 mortes, foram 72 feridos. Sendo que 12 destes ataques, foram com armas de fogo.

O caso com o maior número de vítimas ocorreu em 2011 na Escola Municipal Tasso da Silveira, na Zona Oeste do Rio. Um ex-aluno entrou na escola e atirou em 25 pessoas, 12 pessoas morreram e outras 13 ficaram feridas. As vítimas tinham idades entre 13 e 15 anos, e foram a maioria meninas.

Em carta, o criminoso disse ter sido vítima de bullying na escola. O delegado Felipe Ettore descartou a hipótese de ele fazer parte de grupos extremistas. Para o então titular da Divisão de Homicídios (DH), Wellington agiu sozinho.

Ataques em escolas em 2023

Até o fechamento desta matéria, o Brasil teve mais um ataque letal na Escola Estadual Thomazia Montoro, no bairro Vila Sônia, em São Paulo. Um adolescente de 13 anos matou quatro professoras e um aluno com uma fana na manhã de segunda-feira, dia 27 de março. A professora Elisabete Tenreiro, de 71 anos, teve uma parada cardíaca e morreu no Hospital Universitário da USP e faleceu.

No dia seguinte, terça-feira dia 28 de março, um adolescente, de 15 anos tentou um ataque com faca na Escola Municipal Manoel Cícero, na Gávea, zona sul do Rio. O jovem foi imobilizado por funcionários do colégio e acabou se ferindo na cabeça, sem gravidade. Policiais militares levaram para a delegacia de polícia que apurou que o adolescente estaria ressentido após uma suposta desilusão amorosa. Entretanto, existe a suspeita de envolvimento do adolescente com fóruns de promoção da violência na internet. Além do agressor, uma menina, que seria o alvo do agressor, foi ferida levemente.

Ataques impedidos pela polícia

Na semana anterior ao ataque a Escola Estadual Thomazia Montoro, a Interpol polícia internacional deu um alerta para sobre um novo ataque. Foi identificado a partir de rastreamento na deep web – a parte da internet que não pode ser encontrada por ferramentas de busca comuns -, e a Polícia Federal foi acionada e descobriu que um menor de 17 anos planejava um ataque à escola no Rio. Os agentes da Polícia Federal chegaram a ir à unidade de ensino do menino. No entanto, os investigadores federais descobriram que ele era menor de idade e, por isso, o caso foi transferido para a Delegacia de Proteção ao Adolescente (DPCA) e ele foi apreendido na sexta-feira (24). O jovem exibia suásticas e fazia e saudação nazista em vídeos nas redes de internet.

Já na sexta, dia 31 março, a Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) cumpriu mandados de busca e apreensão em uma operação contra um possível ataque a outra escola no Rio de Janeiro. O celular de uma adolescente, de onde, segundo a polícia, partiram as ameaças, foi apreendido e tinha mensagens com menção a ataques em escolas de educação infantil e informações de que seriam adotados todos os cuidados para que o plano não fracassasse. Após a apreensão, a adolescente admitiu, em depoimento, que pensava em matar seus colegas e se suicidar logo depois. A jovem aparentemente tem problemas de relacionamento na escola, é órfã de mãe e é vítima de bullying. O Conselho Tutelar e a Secretaria Municipal de Educação foram acionados para dar apoio psicológico à adolescente.

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Adriano Dias

Jornalista militante e fundador da #ComCausa