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Lavagem do Cais do Valongo acontecerá no próximo sábado (27)

A Praça Jornal do Comércio, um dos locais históricos mais significativos do Brasil, situada na região portuária do Rio de Janeiro, será o palco da 13ª edição da Lavagem do Cais do Valongo. Este evento anual, que acontecerá neste sábado, 27 de julho, a partir das 10 horas, celebra o reconhecimento do Cais do Valongo como Patrimônio Mundial pela UNESCO, destacando sua importância histórica e cultural.

O Brasil foi o país das Américas que mais recebeu africanos sequestrados para serem escravizados. Estima-se que, entre os séculos XVI e XIX, cerca de 4 milhões de homens, mulheres e crianças foram trazidos para o país, representando mais de um terço de todo o comércio transatlântico de escravos. Pouco mais de um milhão dessas pessoas desembarcaram no Rio de Janeiro, com registros indicando o Cais do Valongo como o maior ponto de desembarque de africanos no continente entre 1758 e 1831, quando houve sua interdição.

O local é um testemunho da brutalidade do tráfico transatlântico de escravos e, simultaneamente, um símbolo da resistência e resiliência da população negra no Brasil. O Cais do Valongo foi incluído na Lista do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 9 de julho de 2017,  fruto do trabalho de acadêmicos, ativistas e movimentos sociais, incluindo a ComCausa.

Ainda em 2017, o então deputado estadual André Ceciliano conseguiu transformar aprovar a Lei 7.741/2017, que declarou o Sítio Arqueológico Cais do Valongo como patrimônio histórico e cultural da Diáspora Africana no Estado do Rio de Janeiro. A legislação visa preservar a memória africana, proibindo qualquer obra ou reforma que possa alterar as características históricas do local.

A Cerimônia da Lavagem: significado e rituais

A Lavagem do Cais do Valongo é mais do que um evento comemorativo; é uma cerimônia carregada de significado histórico e espiritual. Praticantes de diversas religiões de matriz africana, como candomblé e umbanda, reúnem-se para realizar a tradicional lavagem simbólica do cais. O ritual é conduzido por mães de santo e outros líderes religiosos, que, vestidos em trajes festivos, utilizam flores, água de cheiro e instrumentos como atabaques, tambores e agogôs.

A cerimônia é uma homenagem aos ancestrais africanos e busca purificar o local, transformando-o em um espaço de memória e respeito. “A Lavagem do Cais do Valongo é um momento de reflexão sobre o sofrimento e a resistência dos nossos ancestrais”, explica Mãe Edelzuis, em eventos anteriores. “É um chamado à memória e um compromisso com a luta contra o racismo.”

O reconhecimento do Cais do Valongo como Patrimônio da Humanidade não apenas ressalta sua importância histórica, mas também chama a atenção para a necessidade de preservação e valorização desse espaço. “Isso não é festa de preto. É festa de todos”, disse Mãe Edelzuis em eventos anteriores, ecoando o sentimento de que a história e a cultura afro-brasileira são patrimônios de toda a humanidade e que a luta contra o racismo é uma responsabilidade coletiva.

Semana de atividades antirracistas e compromisso coletivo

A Lavagem do Cais do Valongo faz parte da Semana de Atividades Antirracistas, na qual a ComCausa está participando.

Para saber mais veja aqui:

ComCausa terá semana de participações ações para debater o racismo

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Adriano Dias

Jornalista militante e fundador da #ComCausa