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Caso Gabriel Santos: Familiares enfrentam intimidação policial em ato por justiça em Nova Iguaçu

Na tarde desta quarta-feira (04), familiares e amigos de Gabriel Santos se reuniram em frente ao Ministério Público de Nova Iguaçu para protestar contra a decisão de soltar o policial militar Allan Mendes Rocha, acusado de assassinar Gabriel durante uma abordagem policial. O ato, que visava clamar por justiça e expressar indignação com a decisão judicial, foi marcado por um episódio de constrangimento: viaturas da Polícia Militar cercaram o local e alguns policiais do 20º BPM começaram a fotografar os manifestantes.

O ato teve início com a concentração dos participantes, que carregavam cartazes e uma grande faixa de luto em homenagem a Gabriel. A chegada das viaturas, seguida pela presença de policiais tirando fotos dos presentes, gerou um clima de desconforto e aumentou a sensação de insegurança entre os manifestantes. A situação “acentuou o distanciamento entre a sociedade e as forças policiais na região”, comentou Adriano Dias, da ComCausa, que lamentou o episódio.

“O ato foi pacífico e silencioso e teve como finalidade a busca por justiça, e não vingança contra o policial. É muito triste ver policiais adotando essa postura com familiares e amigos que perderam um ente querido de maneira tão absurda”, afirmou Adriano Dias.

Desde o anúncio da soltura do policial, relatos de intimidação e insegurança têm surgido. Familiares e amigos de Gabriel relataram a presença de policiais nas proximidades de suas residências e locais de trabalho. Um amigo da família, que preferiu não ser identificado, afirmou ter sido seguido por uma viatura em Tinguá, aumentando o clima de medo. Agora, com esta postura dos policiais do 20º BPM ao fotografar os manifestantes, a situação gerou ainda mais insegurança e levou a família a buscar outros meios de recorrer com a revogação da decisão e pedir a nova prisão do policial Allan.

Orientação da 4ª Vara Criminal

Após a concentração em frente ao MP, os familiares de Gabriel dirigiram-se ao Fórum da 4ª Vara Criminal. Neste momento, os integrantes da ComCausa abriram interlocução com representantes do Juizado e os pais de Gabriel, D Sonia e Sr Rosimar, foram recebidos pela assessoria do juiz. A equipe do Judiciário demonstrou sensibilidade ao fornecer orientações sobre os procedimentos legais a serem seguidos, apesar das restrições impostas pelo trâmite jurídico.

Revogação da prisão Preventiva de Allan Mendes Rocha

O Ministério Público do Rio de Janeiro solicitou a revogação da prisão preventiva do policial militar Allan Mendes Rocha, acusado de matar Gabriel Santos durante uma abordagem. Após a audiência de custódia, a prisão em flagrante de Allan foi convertida em preventiva, e o caso transferido para a 4ª Vara Criminal de Nova Iguaçu, responsável por crimes dolosos contra a vida. No dia 27 de agosto de 2024, a 2ª Promotoria de Justiça havia solicitado formalmente a manutenção da prisão, mas, no dia seguinte, o MP revisou sua posição e pediu a soltura do policial, o que foi acatado pelo juiz Adriano Celestino Santos.

Repercussão da decisão judicial

A decisão de libertar Allan Mendes Rocha gerou grande preocupação, pois Gabriel Santos, um jovem motociclista, foi morto durante uma abordagem policial, e o MP alegou que o policial não representa risco iminente à sociedade. A soltura causou indignação entre familiares e apoiadores de Gabriel, que temem pela segurança e relatam uma crescente sensação de insegurança. A OSC ComCausa, através do programa ACOLHER, continua a apoiar a família, monitorando o caso e articulando ações com movimentos sociais e autoridades em busca de justiça.

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De acordo com o pai, Gabriel estava utilizando fones de ouvido e, por isso, não ouviu as ordens do policial. Quando finalmente percebeu que estava sendo abordado, já era tarde demais: o sargento disparou sua arma, e o tiro atingiu Gabriel no pescoço. Rosimar descarta a possibilidade de Gabriel ter jogado a moto contra o policial, como alguns relatos sugerem, enfatizando que o disparo foi feito em um ângulo que indica que o jovem não estava oferecendo resistência ou ameaça. Gabriel caiu cerca de 20 metros do local onde foi atingido.

Relembre o caso:

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa