Rio de Janeiro

Indígenas participam de cortejo no Rio em defesa de terras e repatriação do Manto Tupinambá

No sábado (7), mais de cem indígenas das etnias tupinambá, pataxó-hã-hã-hãe e kariri vindos da Bahia, chegaram ao Rio de Janeiro. O grupo veio à cidade para participar da cerimônia de celebração do manto tupinambá, peça de grande valor histórico e cultural, que foi repatriada em junho. O evento marcou não apenas a celebração do retorno do artefato, mas também um momento de reivindicação política.

Os indígenas integraram o cortejo “Parada 7”, realizado em alusão ao Dia da Independência do Brasil, utilizando a ocasião para protestar pela demarcação de terras indígenas (TI). Com faixas que traziam mensagens como “Demarcação já” e “O manto é nosso”, o grupo percorreu as ruas do centro do Rio de Janeiro, partindo da Cinelândia até a Praça Tiradentes.

Durante a manifestação, lideranças indígenas discursaram sobre a importância da demarcação de terras e da preservação dos direitos dos povos originários. A caminhada foi uma demonstração pública da luta constante pela proteção dos territórios indígenas e pela preservação da cultura, simbolizada pelo retorno do manto tupinambá.

Além de reivindicarem seus direitos, os participantes destacaram o simbolismo do manto, que representa a resistência e a herança ancestral dos povos indígenas brasileiros. A repatriação do artefato é vista como uma vitória para as comunidades, que há anos lutam pela recuperação de itens culturais roubados ou dispersos ao longo da história.

A cerimônia de celebração, assim como o protesto, teve um tom de reafirmação da identidade indígena e de resistência frente aos desafios atuais. A demarcação das terras indígenas continua sendo uma das principais pautas das comunidades, que veem nesse reconhecimento um passo fundamental para a sobrevivência e o futuro de suas culturas.

Esse momento de mobilização foi mais um capítulo na longa luta dos povos indígenas por seus direitos, reafirmando o compromisso de defender suas terras e preservar a história e a cultura de seus ancestrais.

Cerimônia do Manto Tupinambá no Museu Nacional remarcada para setembro

A aguardada cerimônia de recepção e apresentação do Manto Tupinambá ao público, inicialmente prevista para os dias 29 a 31 de agosto, foi adiada e agora acontecerá agora entre os dias 10, 11 e 12 de setembro no Museu Nacional, em São Cristóvão, no Rio de Janeiro. A mudança de datas foi confirmada pelo Ministério dos Povos Indígenas (MPI).

O evento, que contará com a participação de diversas lideranças indígenas, tem como objetivo principal celebrar o retorno do manto sagrado ao Brasil. O Coletivo Tupinambá de Olivença, responsável por reunir aldeias da região sul da Bahia, iniciou uma campanha de financiamento coletivo nas redes sociais para fretar dois ônibus e garantir a presença dos representantes indígenas no Rio de Janeiro.

Segundo a cacique Jamopoty, integrante do coletivo, apesar de um pedido formal ter sido feito ao Governo da Bahia no início de agosto para disponibilizar os ônibus, a solicitação foi negada. No entanto, o Conselho Tupinambá de Olivença anunciou que já conseguiu parcerias para garantir o transporte necessário.

Em nota oficial, o MPI reiterou seu apoio ao Povo Tupinambá, assegurando que providenciou hospedagem e alimentação para os indígenas que estarão presentes na cerimônia. Além disso, o ministério enviou um ofício ao Governo da Bahia, reforçando o pedido do Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas (MUPOIBA) por mais suporte logístico para o transporte dos participantes.

O Manto Tupinambá, repatriado da Dinamarca no início de julho, chegou ao Brasil sob sigilo. Considerado o exemplar mais bem preservado entre os 11 mantos conhecidos, é o primeiro a retornar ao país, com os demais ainda mantidos em museus europeus. Este item sagrado, utilizado em rituais por pajés e caciques, simboliza uma importante peça da herança cultural dos povos indígenas brasileiros.

A cerimônia promete ser um marco cultural e histórico para o Povo Tupinambá, e uma reafirmação do processo de recuperação e preservação das tradições indígenas no Brasil.

ComCausa realiza nova visita à Aldeia Maracanã, reafirmando apoio à comunidade

Desde 2013, a ComCausa, por meio de seu fundador Adriano Dias, mantém uma interlocução contínua com os integrantes da Aldeia Maracanã, localizada no centro do Rio de Janeiro, ao lado do estádio de mesmo nome. A comunidade indígena que ocupa o local enfrenta há anos tentativas de remoção, inclusive com propostas de demolição do prédio histórico para dar lugar a um estacionamento.

Na última visita realizada no dia 07 de setembro por Adriano Dias, a ComCausa reforçou seu compromisso em apoiar a manutenção da aldeia e as atividades que ocorrem no local. Durante o encontro, Dias reafirmou sua aliança com as lideranças da comunidade, destacando que a ComCausa está à disposição para enfrentar qualquer tentativa de remoção violenta dos moradores.

“A ComCausa se coloca inteiramente à disposição para colaborar na luta contra qualquer ação que tente remover a Aldeia Maracanã de maneira violenta, assim como para contribuir no processo de recuperação da área, preservando sua importância histórica e cultural”, afirmou Adriano Dias.

A Aldeia Maracanã, localizada no antigo prédio do Museu do Índio, tem sido um símbolo de resistência indígena e cultural. A ComCausa busca, além da defesa dos direitos dos moradores, fomentar o diálogo com outras organizações e instituições que possam contribuir para o processo de recuperação e revitalização da área.

A visita fortalece a parceria entre a ComCausa e a comunidade da Aldeia Maracanã, reafirmando o compromisso da organização com a defesa dos direitos humanos e a preservação do patrimônio histórico e cultural.

Imagem de capa ilustrativa.

Manto Tupinambá: Terra Brasilis/Globoplay

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa