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Copacabana recebe a 17ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa|

A orla de Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro, foi palco da 17ª edição da Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa neste domingo (15), evento que reafirmou o compromisso da sociedade brasileira na luta contra a intolerância religiosa. Organizado pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), em parceria com o o Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap) e o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, o ato contou com a participação da ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, e de diversas figuras religiosas e políticas.

O evento foi dividido em dois momentos principais. Pela manhã, um café da manhã para convidados em um hotel de Copacabana contou com a presença de nomes de destaque, como a ministra Macaé Evaristo, em sua primeira agenda pública. Participaram também Magda Chambriard, presidente da Petrobras, Clarice Coppetti, diretora da empresa, e figuras de destaque como Maíra Junqueira, da Fundação Ford, e Kellen Julio, diretora de Inovação e Diversidade de Conteúdo dos Estúdios Globo.

O segundo momento, marcado pela concentração no Posto 5 de Copacabana, reuniu mais de 80 mil pessoas, segundo a organização. Por volta das 13h, a multidão deu início à caminhada pela orla, carregando faixas e cartazes em defesa da liberdade religiosa e contra a intolerância. Minutos após o início da caminhada, a ministra Macaé Evaristo foi recebida com aplausos e discursou:

“É uma alegria estar aqui, nesta caminhada que tem um sentido muito bonito de pacificação e defesa do direito que todas as pessoas têm à sua fé e à sua relação com o sagrado. Que nesta caminhada tranquila possamos construir uma comunidade que lute pelo respeito e pela diversidade religiosa. Contem com o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania para assegurar que nosso Estado seja laico e respeite cada uma das religiões”, afirmou a ministra Macaé Evaristo, destacando o compromisso do governo em garantir a liberdade religiosa.

A caminhada deste ano recebeu caravanas de outros estados e foi marcada pela pluralidade de religiões representadas. Evangélicos, católicos, budistas, muçulmanos, judeus, wiccanos, hare krishnas, ciganos e principalmente os adeptos das religiões afro-brasileiras marcaram presença, reforçando a importância do diálogo inter-religioso em um país com uma rica diversidade espiritual.

Um dos inegrantes da ComCausa, Adriano Dias, também esteve presente no evento e comentou em entrevista ao jornal O Dia sobre a relação entre a intolerância religiosa e o racismo estrutural no Brasil: “Nós do kardecismo não sofremos muito com preconceito porque não tem a questão da indumentária. Mas tirei foto ali agora há pouco com dois rapazes vestidos de Zé Pelintra e se postar na Internet, já sei que vou receber crítica. A questão é racial”, disse Adriano.

Apesar de não ter sido enfatizado na matéria do jornal, Adriano lamentou ainda a recente decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que derrubou a Lei 7.855/18, de autoria dos deputados André Ceciliano e Carlos Minc. A lei determinava que ocorrências policiais motivadas por intolerância religiosa deveriam ser registradas sob o artigo 208 do Código Penal Brasileiro, que trata de crimes contra o sentimento religioso. Segundo Adriano, essa medida era um importante instrumento para combater a intolerância: “A decisão é um retrocesso, pois enfraquece a luta contra a violência religiosa, especialmente contra as religiões de matriz africana”, ressaltou.

O papel da religião na construção de um Brasil plural

Padre Gegê, pároco na Paróquia Santa Bernadete e doutor em Ciência da Religião, também destacou a relevância da caminhada para a construção de um Brasil mais justo e inclusivo: “Mesmo se não fosse religioso, se não acreditasse em Deus, ainda assim teria a Caminhada como extraordinária ferramenta para a construção de um Brasil democrático e plural”, afirmou o padre, em consonância com os princípios de fraternidade defendidos pelo Papa Francisco.

Encerramento em grande estilo
No final da tarde, o evento contou com uma série de apresentações culturais, que incluíram shows da cantora Rita Benneditto, do cantor evangélico Kleber Lucas e do músico Thiago Thomé, encerrando-se com uma vibrante apresentação da Bateria da Mangueira. O clima de celebração e respeito foi alimentado por três trios elétricos e diversas performances artísticas, que deram ainda mais cor e alegria ao evento.

De acordo com os organizadores, a 17ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa superou todas as expectativas, reforçando a importância da união em torno da defesa da liberdade de culto e da paz entre as diversas tradições religiosas no Brasil.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa