Campanhas

Memória: Lorena Lima jovem da Pastoral da Juventude vítima de feminicídio

Lorena Lima, além de sua candidatura ao conselho tutelar, era uma figura ativa na comunidade. Desde 2005, ela participava da Pastoral da Juventude da Igreja Católica e também integrava o Conselho Municipal da Juventude de Parauapebas (Comjup). Militante incansável, Lorena dedicou sua vida à causa da juventude, inspirando muitos jovens a seguir os ensinamentos de Cristo.

Seu envolvimento com a comunidade religiosa começou na infância, quando frequentava a catequese na comunidade Santa Luzia. Ao longo dos anos, Lorena assumiu posições de liderança e participou ativamente na criação do Grupo de Jovens JOGUEF (Jovens Guerreiros na Fé), em 2005. Ela também foi eleita para a coordenação da Pastoral da Juventude e, mesmo após se tornar mãe, continuou sua missão de transformar vidas.

Lorena acreditava que sua fé em Cristo e o amor pela juventude eram a chave para um mundo mais justo e fraterno. Em suas palavras: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância” (João 10,10). Essa passagem bíblica norteava sua vida e seu compromisso com o próximo.

Lorena foi brutalmente assassinada a golpes de machado dentro do condomínio onde sua mãe morava, no bairro Altamira, em Parauapebas. O crime, ocorrido em setembro de 2015, chocou não apenas pela sua crueldade, mas também pela falta de justiça. Até o momento, Cristiano Robson Pereira, conhecido como Paysandu, acusado de ser o autor do crime, permanece foragido. Após o assassinato, a Polícia Civil ainda segue em busca do suspeito, que já tem um mandado de prisão expedido pelo juiz Líbio Araújo Moura, da Vara Penal de Parauapebas.

A violenta morte de Lorena Lima, então candidata ao cargo de conselheira tutelar em Parauapebas, gerou grande repercussão na imprensa local e regional, causando comoção social e indignação na comunidade. Grupos de jovens se mobilizaram e realizaram manifestações na Câmara Municipal em protesto contra o crime e a impunidade que persiste até hoje.

Investigação e Motivações

Segundo o delegado Thiago Carneiro, diretor da 20ª Seccional de Polícia Civil de Parauapebas, o crime foi motivado por questões passionais, quando o delito é praticado por uma paixão doentia. “Estamos investigando o caso. Todas as informações são sigilosas, e, enquanto o suspeito não for preso, a investigação continua em sigilo”, declarou o delegado. Comentários de que o acusado teria um relacionamento com a mãe da vítima foram levantados, mas a polícia preferiu não se pronunciar sobre essa hipótese.

O delegado afirmou ainda que a polícia recebeu várias denúncias apontando possíveis esconderijos de Cristiano na zona rural de Parauapebas, mas todas as buscas realizadas até agora foram infrutíferas.

A polícia reforça o pedido para que qualquer informação sobre o paradeiro de Cristiano Robson Pereira seja reportada ao Disque Denúncia de Parauapebas ou Marabá, garantindo o sigilo absoluto.

Impunidade

Mesmo após anos, o assassinato de Lorena Lima continua sem respostas. A falta de justiça tem gerado revolta entre seus amigos, familiares e a comunidade. Grupos de jovens e militantes da Pastoral da Juventude continuam a lutar pela memória de Lorena e por justiça. Para eles, o sistema machista e patriarcal, que vitimiza mulheres diariamente, precisa ser enfrentado com coragem e união.

Lorena foi mais uma vítima de feminicídio, uma mulher, negra, mãe e militante, morta brutalmente pela violência de gênero. Sua morte expõe o descaso e a impunidade que ainda cercam casos de violência contra a mulher no Brasil, onde o machismo estrutural continua a ceifar vidas.

Hoje, o nome de Lorena Lima é lembrado como símbolo de resistência. Sua luta pela vida e pelos direitos da juventude continua viva na memória daqueles que com ela conviveram. Sua história não será esquecida, e sua dedicação em prol de um mundo mais justo serve de inspiração para quem acredita na transformação social.

Denuncie e Ajude a Fazer Justiça Caso você tenha qualquer informação sobre o paradeiro de Cristiano Robson Pereira, entre em contato com o Disque Denúncia Parauapebas: (94) 3346-2250, Disque Denúncia Marabá: (94) 3312-3350 ou WhatsApp: (94) 98198-3350.

Leia também: 

Romaria dos 50 anos da Pastoral da Juventude

Editoria Virtuo Comunicação

Projeto Comunicando ComCausa

Portal C3 | Instagram C3 Oficial

______________

 

 

Compartilhe:

João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa