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Por que Jesus nunca “curou” a homossexualidade e o seu pastor diz que sim?

A resposta é simples: homossexualidade não é uma doença para ser curada. Jesus curou o cego Bartimeu, leprosos, e paralíticos (Lucas 18,35-43. Mateus 8,2-4), mas nunca houve qualquer cura de homossexualidade, porque não há doença em ser quem se é.

A homossexualidade também não é pecado, e em nenhum momento nos evangelhos vemos alguém sendo levado a Jesus para ser perdoado por sua orientação sexual. Embora Jesus tenha perdoado muitos pecados, nunca foi por causa de quem as pessoas eram, mas por seus atos ou comportamentos. Na época de Jesus, assim como hoje, existiam diversas orientações sexuais, mas Jesus jamais condenou alguém por sua identidade ou orientação, focando sempre no amor, na compaixão e na inclusão dos marginalizados.

Sabe por quê? Porque a sexualidade das pessoas nunca foi um problema para Jesus. O que era um problema para Ele era a riqueza que explora os pobres, a religião que condena, os doutores da lei (pastores) que distorcem a fé, o sistema político e religioso opressor, além da fome, da doença, da solidão e da injustiça. Esses eram os verdadeiros problemas. A homossexualidade nunca foi um.

Nenhum versículo nos Evangelhos relata Jesus condenando homossexuais, mas há condenações severas para falsos profetas (Mateus 7, 21-23). Esses líderes religiosos que alegam “curar” pessoas LGBTQIAPN+. A trágica história de Letícia Maryon, que tirou sua própria vida após pressões religiosas para negar sua identidade, expõe a crueldade dessas práticas de “cura”. Há uma contradição evidente entre certos líderes religiosos e o homem de Nazaré, que não se importou com a orientação sexual e não impôs condições para acolher as pessoas. Porém, Jesus impôs aos ricos que vendessem seus bens e doassem aos pobres. (Mateus 19.21)

Jesus foi morto como um preso político, porque desafiou o poder político-religioso em Israel e o exército de ocupação romano. e ele é morto quando cada corpo trans e travesti é brutalmente assassinado, assim como desfiguraram Jesus antes da crucufucação, corpos trans e travestis também são torturados, antes de terem suas vidas ceifadas segunado a Antra 54% das vítimas é morta com requintes de crueldade.

Não se enganem, Jesus era Dandara, Letícia Maryon, Ana Luisa Pantaleão, Bianca Ferreira, Caio Siqueira, Chiquita, Joana Smith, Julia Nicoly, Laila, Mara Brandão, Paloma, Taina Rodrigues, Talita Costa, Tieta, Tiago da Silva e Rafaela Moraes. Não reconhece esses nomes? São nossos irmãos e minhas irmãs trans e travestis crucificados, justamente por não serem vistos dessa forma, como irmão e irmãs.

Quando Cristo disse que era mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no céu, certamente Ele não conhecia este “fã-clube crente”, pois é mais fácil dezenas de camelos passarem pelo buraco da agulha do que essa gente alcançar o Reino. No entanto, afirmo com toda certeza que meus irmãos e irmãs LGBTQIAPN+ os precederão no Reino dos Céus, pois são os perseguidos, os mansos e humildes, marginalizados por aqueles que rezam ao Pai Nosso, mas agem como se fosse só deles.

Eu queria escrever a esses pastores o que penso deles, mas prefiro tomar para mim as palavras de Jesus “A minha casa será chamada casa de oração, mas vocês estão fazendo dela um covil de ladrões” (Mateus 21,13).

Por João Oscar – Militante político e articulador e jornalista da Instituição ComCasua de Direitos Humanos

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa