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Chacina de Nova Brasília completa 30 anos sem respostas

Nesta sexta-feira, 18 de outubro, a Chacina de Nova Brasília, ocorrida no Complexo do Alemão, completa 30 anos. O massacre, que resultou na morte de 13 jovens, continua a ser um símbolo das violações de direitos humanos perpetradas por agentes públicos no Brasil. Além das mortes, ao menos três mulheres acusam agentes policiais de tortura e abuso sexual, evidenciando a brutalidade enfrentada pelas comunidades.

A Chacina de Nova Brasília é um dos casos mais emblemáticos das inúmeras violações de direitos humanos que afetam a população das favelas. Apesar do tempo decorrido, as famílias das vítimas ainda buscam justiça, e o caso permanece sem respostas definitivas.

As investigações, desde o início, foram marcadas por confusão e ineficácia. Em 2009, o Ministério Público arquivou o processo alegando prescrição, e o inquérito só foi reaberto em 2013. Em 2021, cinco policiais, incluindo quatro civis e um militar, foram absolvidos por unanimidade no Tribunal do Júri, sob a alegação de falta de provas.

Condenação Internacional
Em 2017, o Brasil foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos em relação à violência policial, com a Corte reconhecendo a violação das garantias e proteção judiciais, além da falta de investigação adequada e violação da integridade pessoal dos familiares das vítimas.

Como parte da sentença, a Corte exigiu que o estado do Rio elaborasse um plano de redução de letalidade, considerando os níveis alarmantes de letalidade policial no estado. Desde então, pelo menos 16 chacinas ocorreram na capital fluminense, incluindo as notórias Chacinas do Jacarezinho, Vila Cruzeiro e o próprio Complexo do Alemão.

A Realidade das Chacinas no Rio de Janeiro
Desde a tragédia de outubro de 1994, o estado do Rio de Janeiro já registrou ao menos 45 chacinas na região metropolitana. Entre elas, outra tragédia na mesma favela de Nova Brasília, que resultou em 13 mortes em maio de 1995, o que ressalta a continuidade da violência no local.

Em 2020, a Defensoria Pública do Rio de Janeiro ingressou como parte interessada na ADPF 635, conhecida como ADPF das Favelas, que visa reduzir a letalidade policial nas comunidades e garantir os direitos dos moradores afetados pela política de segurança pública. Mais de 40 instituições estão envolvidas nesta ação judicial, que frequentemente enfrenta descumprimentos por parte de agentes públicos.

Não Permitir o Esquecimento
A Chacina de Nova Brasília não deve ser esquecida. É uma missão coletiva lembrar e reivindicar justiça para as vítimas e suas famílias, garantindo que casos como esse não se repitam. A luta por justiça é um esforço contínuo e essencial para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, onde o respeito aos direitos humanos seja uma prioridade.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa