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Assembleia na Aldeia Maracanã defende permanência dos indíginas

Na tarde deste domingo, 16 de junho de 2024, a Aldeia Maracanã foi palco de uma assembleia ampliada que contou com a presença de representantes de diversos movimentos sociais. O encontro foi convocado em resposta à recente notificação da justiça que ordena a desocupação dos indígenas que vivem no local. A assembleia teve como objetivo principal delinear uma estratégia conjunta de enfrentamento a essa decisão.

Entre os movimentos sociais presentes estava a ComCausa, organização que atua na luta por direitos humanos. Durante o evento, membros da ComCausa conversaram com vários representantes dos indígenas do local, além de outros movimentos sociais, reafirmando seu compromisso em contribuir em todas as frentes onde a instituição atua para mediar a situação.

O jornalista Adriano Dias, que já acompanhou de perto essa questão em 2013 e em dois incidentes subsequentes em 2019 e 2020, também esteve na assembleia e destacou a urgência de resolver a situação de forma definitiva. “Este impasse precisa chegar ao fim,” afirmou. Ele ressaltou a necessidade de um entendimento claro entre os governos federal e estadual sobre a questão da área. Segundo ele, é essencial que se respeitem os direitos e solicitações dos povos indígenas, reconhecendo a importância histórica do local e garantindo seu acesso de forma viável a toda a população.

Ações para os próximos dias

Durante a reunião, foi proposta uma série de ações para os próximos 30 dias, período concedido pela justiça para a desocupação do espaço. Entre as ações discutidas estão a mobilização de apoio popular, a articulação com outras organizações de direitos humanos e a intensificação do diálogo com autoridades governamentais.

A ComCausa anunciou que está preparando um relatório sobre o encontro, que será enviado ao Ministério dos Povos Indígenas e ao Ministério dos Direitos Humanos. Esse documento visa informar e sensibilizar as autoridades sobre a importância da Aldeia Maracanã e a necessidade de uma solução justa e respeitosa para os povos indígenas que ali residem.

A assembleia deste domingo reforçou a união e a determinação dos movimentos sociais e dos povos indígenas na luta por seus direitos. Nos próximos dias, a mobilização deve se intensificar, com a expectativa de que as autoridades reconsiderem a decisão de desocupação e busquem uma alternativa que contemple as necessidades e direitos dos envolvidos.

Ordem de desocupação

Na última quarta-feira (12), a comunidade indígena Aldeia Maracanã foi surpreendida com mais uma ordem de despejo, a ser cumprida em 30 dias. Esta ordem representa a sexta tentativa da Justiça Federal de executar a decisão, que tramita em segredo de justiça no 2° Tribunal Regional Federal (TRF-2). O processo foi iniciado pelo governo do Rio de Janeiro contra os integrantes da aldeia, em um embate que se arrasta há anos.

Além de buscar medidas jurídicas para embargar a ordem de despejo, a comunidade também planeja pressionar socialmente, visando garantir o acesso à justiça e ao devido processo legal. A resistência à ordem arbitrária é vista como uma necessidade diante do cenário atual.

Encontro no Ministério dos Povos Indígenas

Em abril deste ano, a ComCausa esteve no Ministério dos Povos Indígenas e, entre outros assuntos referentes à pasta, destacou a preocupação com informações sobre possíveis movimentações contra a Aldeia Maracanã, o que lamentavelmente se consolidou.

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Histórico da Aldeia Maracanã

A história da Aldeia Maracanã começa com a fundação do Serviço de Proteção ao Índio (SPI) em 1910, por Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon. Ele estabeleceu que a área na Rua Mata Machado, no bairro Maracanã, abrigaria um museu dedicado aos primeiros habitantes do Brasil. Em 1953, sob a liderança do etnólogo Darcy Ribeiro, o museu foi inaugurado. Em 1977, o museu mudou-se para Botafogo, e o antigo prédio foi abandonado.

Em 2006, um grupo de indígenas ocupou a área, reivindicando a transformação do espaço em um centro cultural. A aldeia agora abriga doze famílias de diversas etnias em casas construídas com materiais como madeira, amianto, plástico, sapê e bambu. A ocupação originou-se de cerca de 35 indígenas de 17 diferentes etnias e marcou o início da Aldeia Maracanã.

O local não é apenas um refúgio de resistência, mas também um espaço de intercâmbio cultural, aberto ao público, especialmente ao não indígena. A aldeia serve como uma plataforma para educação intercultural, promovendo a compreensão e o respeito por diversas tradições culturais brasileiras, contribuindo para uma sociedade mais inclusiva. Tornou-se um ponto de referência indígena no Rio de Janeiro, demonstrando a resiliência e vitalidade dessas culturas em um contexto urbano.

Aldeia Maracanã recebe nova ordem de despejo

Imagens ilustrativas.

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