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Assembleia pública em defesa da Aldeia Maracanã

Na última quarta-feira (12), a comunidade indígena Aldeia Maracanã foi surpreendida com mais uma ordem de despejo, a ser cumprida em 30 dias. Esta ordem representa a sexta tentativa da Justiça Federal de executar a decisão, que tramita em segredo de justiça no 2° Tribunal Regional Federal (TRF-2). O processo foi iniciado pelo governo do Rio de Janeiro contra os integrantes da aldeia, em um embate que se arrasta há anos.

Diante dessa nova ameaça, a comunidade convocou uma assembleia pública para organizar uma resposta. O encontro está marcado para o próximo domingo (16), às 14h, na Rua da Mata Machado, 126. O objetivo é mobilizar parentes indígenas e apoiadores em um ato de resistência, na esperança de permanecerem em suas terras.

Em um comunicado, os representantes da Aldeia Maracanã afirmaram: “Convocamos parentes indígenas, apoiadores e a sociedade como um todo para debater a situação e defender a Aldeia da violência estatal contumaz, reiterada, mais uma vez anunciada. No próximo domingo, dia 16, a partir das 14hs, nos reuniremos em Assembleia com convocação aberta a todos os nossos apoiadores e a sociedade para pensarmos juntos o que fazer frente a esta situação.”

Além de buscar medidas jurídicas para embargar a ordem de despejo, a comunidade também planeja pressionar socialmente, visando garantir o acesso à justiça e ao devido processo legal. A resistência à ordem arbitrária é vista como uma necessidade diante do cenário atual.

Líderes da aldeia relataram que dois oficiais de justiça, acompanhados por seguranças da Justiça Federal, entregaram o mandado de imissão na posse. A ação foi registrada e divulgada nas redes sociais da comunidade.

Encontro no Ministério dos Povos Indígenas

Em abril deste ano, a ComCausa esteve no Ministério dos Povos Indígenas e, entre outros assuntos referentes à pasta, destacou a preocupação com informações sobre possíveis movimentações contra a Aldeia Maracanã, o que lamentavelmente se consolidou.

ComCausa discute combate ao racismo no Ministério dos Povos Indígenas

Histórico da Aldeia Maracanã

A história da Aldeia Maracanã começa com a fundação do Serviço de Proteção ao Índio (SPI) em 1910, por Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon. Ele estabeleceu que a área na Rua Mata Machado, no bairro Maracanã, abrigaria um museu dedicado aos primeiros habitantes do Brasil. Em 1953, sob a liderança do etnólogo Darcy Ribeiro, o museu foi inaugurado. Em 1977, o museu mudou-se para Botafogo, e o antigo prédio foi abandonado.

Em 2006, um grupo de indígenas ocupou a área, reivindicando a transformação do espaço em um centro cultural. A aldeia agora abriga doze famílias de diversas etnias em casas construídas com materiais como madeira, amianto, plástico, sapê e bambu. A ocupação originou-se de cerca de 35 indígenas de 17 diferentes etnias e marcou o início da Aldeia Maracanã.

O local não é apenas um refúgio de resistência, mas também um espaço de intercâmbio cultural, aberto ao público, especialmente ao não indígena. A aldeia serve como uma plataforma para educação intercultural, promovendo a compreensão e o respeito por diversas tradições culturais brasileiras, contribuindo para uma sociedade mais inclusiva. Tornou-se um ponto de referência indígena no Rio de Janeiro, demonstrando a resiliência e vitalidade dessas culturas em um contexto urbano.

Aldeia Maracanã recebe nova ordem de despejo

Imagens ilustrativas.

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Adriano Dias

Jornalista militante e fundador da #ComCausa