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Caso Henry Borel: Babá revela que avó materna sabia das agressões de Dr. Jairinho

Em novo depoimento à 16ª DP (Barra da Tijuca), Thayna de Oliveira, babá de Henry Borel Medeiros, afirmou que a avó materna do menino, Rosângela Medeiros da Costa e Silva, tinha conhecimento das agressões cometidas por Dr. Jairinho. Thayna relatou que dias após narrar em tempo real à mãe de Henry, Monique Medeiros da Costa e Silva, um episódio de violência praticado pelo então namorado, o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), ela também contou sobre o ocorrido à avó do menino.

A babá descreveu ter relatado à avó sobre “chutes” e “bandas” aplicados por Jairinho, deixando Rosângela “assustada” com o que ouviu. Thayna detalhou que em 12 de fevereiro, viu Jairinho levar Henry para o quarto e aumentar o volume da televisão. Após bater na porta e não obter resposta, Thayna viu Henry sair do quarto mancando, com hematomas nas pernas e nos braços, e reclamando de dores na cabeça.

Ela relatou o incidente imediatamente a Monique por mensagens. Jairinho e Monique foram presos na última quinta-feira, suspeitos de envolvimento na morte do menino.

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Thayna de Oliveira, babá de Henry Borel, afirmou em novo depoimento que sugeriu à avó materna do menino, Rosângela Medeiros da Costa e Silva, instalar câmeras no apartamento onde a família morava, no condomínio Majestic, na Cidade Jardim. A recomendação, no entanto, foi ignorada. Durante uma visita a uma sessão de psicoterapia de Henry, Thayna foi deixada na casa de Rosângela, em Bangu, onde foi questionada pela avó sobre o que “teria acontecido” e se Henry “estava mentindo”.

Thayna relatou à avó que Henry estava mancando, com dores na cabeça e manchas roxas pelo corpo, afirmando que não havia possibilidade de o menino estar mentindo, pois ela mesma tinha visto as marcas dos machucados. A babá, contudo, optou por não se aprofundar no assunto para evitar parecer que estava “fofocando” sobre a família.

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Nesta terça-feira, Leniel Borel, pai de Henry, expressou incredulidade ao saber que Rosângela poderia estar ciente das agressões e não ter agido. Ele descreveu a avó materna como uma das pessoas que Henry mais amava e buscava ficar próximo, especialmente em Bangu. “Não consigo acreditar, admitir que ela sabia que ele estava sendo agredido e não fez nada. É desumano uma coisa dessas. Eles deixaram que meu anjinho, meu príncipe, meu bem mais precioso fosse morto e não agiram”, desabafou Leniel, acrescentando que chegou a relatar à ex-mulher e à ex-sogra as queixas do filho.

Em uma entrevista ao Globo, um mês após a morte de Henry, Leniel contou que Henry havia dito a ele: “Papai, eu não quero ficar na casa nova da mamãe”, explicando que “o tio me machuca”. Leniel relembrou ter confrontado a ex-mulher e a ex-sogra na ocasião, destacando que o menino fez a revelação na presença delas e da babá. “Vocês não falam que sou eu que estou manipulando o Henry para falar isso?” questionou Leniel, referindo-se às acusações anteriores de que ele estaria influenciando o filho.

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De acordo com o novo depoimento prestado, a babá admitiu que mentiu na declaração dada em 24 de março ao garantir que Dr. Jairinho, Monique e Henry viviam em harmonia e que nunca havia presenciado nenhuma anormalidade no apartamento da família. Ela afirmou não ter contado sobre as agressões que presenciou ao menino por parte do parlamentar por medo dele e a pedido da professora.

Na delegacia, a babá afirmou que Monique pediu que ela apagasse as mensagens trocadas entre as duas em 12 de fevereiro. As conversas foram recuperadas pela Polícia Civil no celular de Monique e dão conta do alerta feito pela funcionária em tempo real. Thayna contou ainda que presenciou as agressões em dois outros momentos e que tinham conhecimento das sessões de violência ainda a irmã de Jairinho, Thalita Souza e a empregada doméstica da família, Leila Rosângela de Souza Mattos, que também prestou depoimento na delegacia e negou haver algum tipo de relação violenta entre os três. Segundo Thayna, a criança fez uma videochamada para contar para mãe pessoalmente sobre o ocorrido.

“Por chamada de vídeo, relatou à mãe as agressões sofridas, exatamente como havia feito à declarante, pedindo que Monique chegasse logo”, diz o relatório do depoimento de Thayná à polícia

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa