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Caso Marielle: justiça aceita denúncia contra três novos réus

Mais três pessoas foram denunciadas e se tornaram réus no caso Marielle Franco, por vazarem informações da operação que prendeu os ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, executores da vereadora e de seu motorista, Anderson Gomes. A força-tarefa do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público do Rio de Janeiro, apresentou a denúncia, que foi acolhida pela 33ª Vara Criminal. Entre os denunciados está um policial militar, além de outras duas pessoas ligadas ao crime organizado.

Os novos réus são acusados de obstrução de investigação envolvendo organização criminosa. São eles:

  • Maurício da Conceição dos Santos Júnior, conhecido como Mauricinho, policial militar;
  • Jomar Duarte Bittencourt Júnior, conhecido como Jomarzinho, filho de um policial federal aposentado;
  • Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, já réu em outro processo relacionado ao caso Marielle e acusado de monitorar os passos da vereadora e ajudar no desmanche do carro utilizado no crime.

Vazamento Prejudicial à Investigação

Segundo a denúncia, o trio vazou informações sobre a operação de março de 2019 que resultou na prisão de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz. Trocas de mensagens em celulares dos acusados mostraram que eles tiveram conhecimento da operação horas antes de sua execução. A promotora Patrícia Costa, da Força-Tarefa do Ministério Público, destacou que o vazamento causou sérios prejuízos à operação Lume, não apenas retardando a investigação dos homicídios, mas também afetando outros crimes relacionados.

“A suspeita é que o vazamento fez com que algumas pessoas se articulassem para eliminar provas cruciais. Caso isso não tivesse ocorrido, a investigação poderia ter sido concluída mais rapidamente”, afirmou a promotora.

Tentativa de Fuga

O Ministério Público revelou que outra evidência do vazamento foi a tentativa de Ronnie Lessa de fugir no momento de sua prisão. Por volta das 4h20 da manhã, no dia da Operação Lume, Lessa tentou sair do condomínio onde morava, na Barra da Tijuca, a bordo de um carro branco, mas foi surpreendido pela polícia.

Élcio de Queiroz, em depoimento recente ao Supremo Tribunal Federal, confirmou que Ronnie Lessa recebeu a informação de que a operação ocorreria em 12 de março de 2019, e compartilhou os detalhes com ele e outros envolvidos.

Consequências Jurídicas

Os réus agora enfrentam acusações formais e poderão ser condenados por obstrução de investigação, crime que pode levar a uma pena de até 20 anos de prisão. A justiça, no entanto, negou o pedido de prisão preventiva dos acusados, mas determinou a suspensão do policial Maurício da Conceição de suas funções e do porte de arma. O réu Jomar Duarte Júnior também foi proibido de manter contato com testemunhas ou outros denunciados e de se ausentar do Rio de Janeiro sem autorização judicial.

Desdobramentos do Caso Marielle

O caso Marielle Franco, que completou seis anos, segue com novos desdobramentos e novas revelações. Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle e Anderson, foi preso em março de 2019 e, após quatro anos em silêncio, fechou um acordo de delação premiada. Élcio de Queiroz, motorista do carro usado no crime, também fez uma colaboração premiada, confessando sua participação.

A delação de Lessa e Élcio levou à prisão de importantes figuras políticas, como o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, Domingos Brazão, e seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão, ambos acusados de serem os mandantes do crime. O ex-delegado Rivaldo Barbosa também foi preso, acusado de participar do planejamento do assassinato.

Defesas e Respostas

A defesa de Maxwell Simões Corrêa, um dos novos réus, informou que só se pronunciará após acessar os autos do processo. A corregedoria da Polícia Militar já suspendeu o policial militar Maurício da Conceição e impôs restrições ao seu porte de arma. Até o momento, os outros denunciados não se manifestaram.

Com essas novas denúncias, o caso Marielle Franco continua a ser um dos mais complexos e emblemáticos do Brasil, mobilizando a sociedade e o sistema de justiça em busca de respostas para o brutal assassinato da vereadora e de seu motorista.

Relembre o caso:

Memória: Caso Marielle e Anderson completa mais um ano

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa