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ComCausa participará de assembleia pública na Aldeia Maracanã em resposta a nova ordem de despejo

A comunidade da Aldeia Maracanã (Tejo haw Maraka’nã) está enfrentando uma nova ameaça de despejo, conforme anunciado por uma ordem judicial recente. Em resposta, está sendo convocado uma assembleia com o objetivo principal de mobilizar os membros indígenas, moviementos sociais, e seus apoiadores em uma ação de resistência contra a ordem de despejo, buscando garantir a permanência no local.

Os líderes da aldeia relataram que dois oficiais de justiça, acompanhados por seguranças da Justiça Federal, entregaram o mandado de imissão na posse. A ação foi registrada e divulgada nas redes sociais da comunidade. Em um comunicado, oconvocaram “parentes indígenas, apoiadores e a sociedade como um todo para debater a situação e defender a Aldeia da violência estatal contumaz, reiterada, mais uma vez anunciada.” A assembleia pública está marcada para o próximo domingo, dia 16, às 14h, na Rua da Mata Machado, número 126, e contará com a presença de Adriano Dias e Débora Barroso, representantes da organização ComCausa, entre outros movimentos sociais.

Além de buscar medidas jurídicas para embargar a ordem de despejo, a comunidade também planeja pressionar socialmente, visando garantir o acesso à justiça e ao devido processo legal. A resistência à ordem arbitrária é vista como uma necessidade diante do cenário atual.

A Aldeia Maracanã, que já foi o abrigo do prédio histórico do Serviço de Proteção Indígena (SPI) do Marechal Rondon e o Museu do Índio até os anos 1970, foi ocupada pelos indígenas em 2006. Desde então, enfrentou várias tentativas de despejo, sendo a atual a sexta ordem de despejo emitida pela Justiça Federal, movida pelo governo do Rio de Janeiro contra os ocupantes da aldeia.

O encontro do próximo domingo tem como objetivo mobilizar parentes indígenas e apoiadores em um ato de resistência, na esperança de permanecerem em suas terras.

Encontro no Ministério dos Povos Indígenas

Em abril deste ano, Adriano Dias da ComCausa esteve no Ministério dos Povos Indígenas e, entre outros assuntos referentes à pasta, destacou a preocupação com informações sobre possíveis movimentações contra a Aldeia Maracanã, o que lamentavelmente se consolidou.

ComCausa discute combate ao racismo no Ministério dos Povos Indígenas

Histórico da Aldeia Maracanã

A história da Aldeia Maracanã começa com a fundação do Serviço de Proteção ao Índio (SPI) em 1910, por Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon. Ele estabeleceu que a área na Rua Mata Machado, no bairro Maracanã, abrigaria um museu dedicado aos primeiros habitantes do Brasil. Em 1953, sob a liderança do etnólogo Darcy Ribeiro, o museu foi inaugurado. Em 1977, o museu mudou-se para Botafogo, e o antigo prédio foi abandonado.

Em 2006, um grupo de indígenas ocupou a área, reivindicando a transformação do espaço em um centro cultural. A aldeia agora abriga doze famílias de diversas etnias em casas construídas com materiais como madeira, amianto, plástico, sapê e bambu. A ocupação originou-se de cerca de 35 indígenas de 17 diferentes etnias e marcou o início da Aldeia Maracanã.

O local não é apenas um refúgio de resistência, mas também um espaço de intercâmbio cultural, aberto ao público, especialmente ao não indígena. A aldeia serve como uma plataforma para educação intercultural, promovendo a compreensão e o respeito por diversas tradições culturais brasileiras, contribuindo para uma sociedade mais inclusiva. Tornou-se um ponto de referência indígena no Rio de Janeiro, demonstrando a resiliência e vitalidade dessas culturas em um contexto urbano.

Memória: O drama dos ataques à Aldeia Maracanã

Imagens ilustrativas.

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Adriano Dias

Jornalista militante e fundador da #ComCausa