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Dia Internacional da Mulher Indígena: O legado de Bartolina Sisa

Hoje, 5 de setembro, celebra-se o Dia Internacional da Mulher Indígena, uma data marcada pela luta, resistência e a homenagem a Bartolina Sisa, uma figura histórica crucial na rebelião anticolonial do século XVIII. Instituída em 1983 durante o Segundo Encontro de Organizações e Movimentos da América, a data é um reconhecimento à bravura e ao papel fundamental das mulheres indígenas na preservação de suas culturas e na defesa de seus direitos.

A escolha do dia faz referência direta a Bartolina Sisa, uma mulher indígena do povo Aimará, nascida em 1750, na atual Bolívia. Desde jovem, Bartolina foi profundamente afetada pelas injustiças cometidas pelos colonizadores espanhóis contra os povos indígenas, o que a levou a se envolver ativamente na luta contra a opressão colonial. Vinda de uma família de comerciantes, Bartolina desenvolveu uma visão aguçada da realidade dos povos indígenas de sua região e fortaleceu seus laços com diferentes comunidades.

Junto de seu companheiro, Túpac Katari, Bartolina liderou uma das maiores revoltas indígenas da América Latina contra o domínio espanhol. O auge dessa resistência foi o cerco à cidade de La Paz, em 1781, quando mais de 40 mil indígenas cercaram a cidade durante cerca de seis meses, desafiando as forças coloniais. Bartolina, além de ser uma líder militar e estratégica, organizava e inspirava sua comunidade, quebrando as normas patriarcais da época e assumindo um papel de comando em uma sociedade dominada por homens.

No entanto, após a quebra do cerco, Bartolina Sisa foi capturada, torturada e, em 5 de setembro de 1782, foi executada de maneira brutal pelos colonizadores espanhóis. Ela foi enforcada, esquartejada, e seu corpo exibido em público, numa tentativa de desmoralizar a resistência indígena. Em vez disso, sua morte a transformou em um símbolo eterno de resistência e coragem, cuja memória ressoa até os dias de hoje.

O Dia Internacional da Mulher Indígena não é apenas uma homenagem a Bartolina Sisa, mas uma oportunidade para refletir sobre o papel das mulheres indígenas em suas comunidades e na história dos povos americanos. Essas mulheres são guardiãs dos saberes tradicionais, líderes em suas comunidades e defensoras incansáveis dos direitos territoriais e culturais. Enfrentando constantemente ameaças e desafios, as mulheres indígenas continuam lutando pela preservação de suas terras e pela garantia de seus direitos em sociedades muitas vezes marcadas pela discriminação e violência.

A data também reforça a importância de incluir as mulheres indígenas em espaços de decisão e na formulação de políticas públicas que protejam seus direitos e territórios. A participação dessas mulheres é essencial para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa, onde os direitos dos povos indígenas sejam respeitados.

Neste Dia Internacional da Mulher Indígena, celebramos a coragem e a resistência de Bartolina Sisa e de todas as mulheres indígenas que seguem lutando por um mundo onde seus direitos, suas culturas e suas vozes sejam plenamente reconhecidos e respeitados. O legado de Bartolina continua vivo na luta contemporânea por justiça social e equidade, lembrando-nos da importância de resistir à opressão e valorizar a diversidade.

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Adriano Dias

Jornalista militante e fundador da #ComCausa