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Homens morrem no trânsito quatro vezes mais do que mulheres

Nos últimos cinco anos, o Brasil tem enfrentado um aumento preocupante no número de mortes no trânsito. Dados do Ministério da Saúde indicam que, após um período de declínio, os óbitos por acidentes voltaram a crescer desde 2019, revertendo a tendência de queda observada a partir de 2014.

Atualmente, as lesões e a violência relacionadas ao trânsito são classificadas como a terceira principal causa de morte da população brasileira, segundo o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS). Os fatores que mais contribuem para acidentes fatais incluem alta velocidade, condução sob influência de álcool, falta de uso de capacete e cinto de segurança, além de infraestruturas inadequadas e veículos com baixo grau de segurança.

Um dado alarmante dentro dessas estatísticas é revelado pelo estudo Morbidade nos Transportes do Ranking de Competitividade dos Municípios, divulgado pelo CLP (Centro de Liderança Pública): os homens são quatro vezes mais propensos a morrer em acidentes de trânsito do que as mulheres. Desde 2012, a população masculina tem sido significativamente mais exposta a situações fatais no trânsito. Segundo o Infosiga-SP, somente em 2022, 92,7% dos condutores que morreram em acidentes de trânsito no estado de São Paulo eram homens.

Fatores contribuintes e perfil dos condutores: mais mortes entre homens, jovens e motociclistas

De acordo com o RENACH (Registro Nacional de Carteira de Habilitação), houve um aumento de 15% no número de condutoras do sexo feminino entre 2018 e 2022, enquanto o aumento para os homens foi de apenas 10%. Apesar desse crescimento no número de mulheres habilitadas, os homens continuam a liderar as estatísticas de envolvimento em acidentes fatais.

Um dado preocupante no Brasil é a variação das faixas etárias mais afetadas por mortes no trânsito e do tipo de usuário das vias. Os jovens entre 15 e 34 anos estão entre os mais impactados, com um pico de mortalidade entre 20 e 24 anos. O risco de morte nessa faixa etária é até quatro vezes maior do que entre crianças de 0 a 14 anos. Além disso, os motociclistas representam outra categoria com alta mortalidade, especialmente entre 19 e 22 anos.

Impactos econômicos

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), os acidentes de trânsito têm um custo econômico elevado. Foram perdidos R$ 251 bilhões em vidas ao longo de 11 anos. Esse valor, equivalente a uma média anual de R$ 21 bilhões, representa cerca de 0,2% do PIB brasileiro em 2023, destacando a urgência de medidas mais eficazes na segurança viária.

A prudência feminina é evidente

O relatório do aplicativo Zul+  aponta que 79% das multas pagas na plataforma são cometidas por homens, enquanto as mulheres são responsáveis por apenas 21% das infrações, apesar de representarem 37% dos usuários. Estes dados sugerem que as mulheres, de fato, adotam uma postura mais cautelosa na direção.

Com base nesses dados, no Brasil, as mulheres pagam, em média, 25,9% a menos pelo seguro de carro do que os homens. Essa diferença pode chegar a ser ainda maior, até 60%, em alguns casos. Esta tendência é também observada globalmente, como na França, onde os homens foram responsáveis por nove em cada dez acidentes fatais em 2023, conforme o Observatório Nacional Interministerial de Segurança Viária (ONISR), o que provocou a criação de uma campanha que tem essa diferença como tema central de reflexão.

Conduisez comme une femme

A campanha “Dirija como uma mulher” foi lançada este ano por uma associação francesa “Victimes et Citoyens” de segurança no trânsito, incentivando os homens a adotarem uma direção mais cautelosa, na esperança de reduzir as mortes por acidentes. A campanha francesa enfatiza essa diferença e visa combater o estereótipo de que homens dirigem melhor, encorajando-os a adotar uma direção mais cuidadosa, similar à das mulheres, na tentativa de reduzir as mortes no trânsito.

O slogan da campanha estampado nos anúncios pela cidade e nas redes de internet é “Conduisez comme une femme” (Dirija como uma mulher), mas os idealizadores afirmam que “Dirigir como uma mulher significa apenas uma coisa: manter-se vivo”.

ComCausa promoverá campanha “Dirija como uma mulher” em julho

Inspirada pela iniciativa francesa, a OSC ComCausa vai lançar a campanha “Dirija como uma mulher” este mês de julho dentro do “Rock ComCausa & Cidadania”. A divulgação será feita tanto online dos dias 15 até 19 de julho e presencialmente no aniversário de 30 anos do Maxambomba Moto Clube, um dos mais antigos da Baixada Fluminense, nos dias 19, 20 e 21 de julho.

A Campanha também coincidirá com os dez anos do Jovem Fica Vivo que tem como finalidade promover uma cultura de paz, tendo como foco principal a promoção das virtudes da juventude, mas também a reflexão do que propicia a violência.

Foto ilustrativa.

Maxambomba MC celebra 30 Anos com Grande Motoshow em Tinguá

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Adriano Dias

Jornalista militante e fundador da #ComCausa