O termo “masculinismo” pode ser desconhecido para muitos, mas ele representa um movimento preocupante no Brasil que baseia sua ideologia na misoginia e na crença da superioridade dos homens sobre as mulheres em diversas esferas da sociedade, incluindo o social, econômico, cultural e político. Este movimento tem ganhado destaque nos últimos anos e merece uma análise crítica, pois não apenas perpetua preconceitos de gênero, mas também tem se relacionado com a ascensão da extrema direita e causado impactos significativos na esfera política do país.
A tese acadêmica que se debruça sobre o masculinismo no Brasil se propõe a compreender as manifestações desse movimento, suas origens, seu crescimento e suas consequências. A cientista social Bruna Camilo, superintendente do Consórcio Mulheres das Gerais, é uma das vozes críticas que alertam sobre os perigos do masculinismo em nosso país. Em entrevista ao jornalista Marco Antonio Soalheiro, no programa ‘Mundo Político’, ela trouxe à tona importantes observações sobre esse movimento e seu impacto na sociedade brasileira.
Um dos aspectos mais alarmantes do masculinismo é a sua relação com o aumento da misoginia no Brasil. A disseminação de ideias que afirmam a superioridade dos homens sobre as mulheres tem levado a ataques cada vez mais intensos e frequentes contra figuras femininas proeminentes, como a ex-presidente Dilma Rousseff. O machismo e a misoginia presentes nos discursos e ações dos grupos masculinistas são preocupantes, uma vez que contribuem para a manutenção de desigualdades de gênero e para a perpetuação de estereótipos prejudiciais.
A ascensão do masculinismo no Brasil se tornou mais evidente a partir de 2016, coincidindo com a polarização política que marcou esse período. A eleição de Jair Bolsonaro como presidente do Brasil em 2018 trouxe para a cena política um grupo de apoiadores que frequentemente compartilham visões misóginas e discriminatórias nas redes sociais. A retórica beligerante e os ataques a figuras políticas e sociais que defendem a igualdade de gênero aprofundaram o problema, tornando-o ainda mais visível.
O estudo conduzido por Bruna Camilo também observa a conexão entre o masculinismo e ideologias extremistas, como o nazismo. Embora seja importante ressaltar que a maioria dos adeptos do masculinismo não seja necessariamente nazista, é inegável que ambas as ideologias compartilham uma visão de mundo que valoriza um grupo em detrimento de outros, promovendo a divisão e o ódio.
O movimento masculinista no Brasil é frequentemente impulsionado por indivíduos que se identificam como liberais na economia e conservadores nos costumes. Essa dualidade de visões torna o fenômeno ainda mais complexo, uma vez que abrange diferentes áreas da sociedade e reúne pessoas com pontos de vista variados em outros aspectos. No entanto, essa ambiguidade ideológica pode permitir que o masculinismo se infiltre nas esferas políticas e sociais, influenciando políticas públicas e ações governamentais.
Diante desses desafios, é essencial que o Brasil reconsidere suas políticas públicas e ações para combater o masculinismo. A promoção da igualdade de gênero e o combate à misoginia devem ser prioridades. Isso requer educação, conscientização e o engajamento da sociedade civil. Além disso, é fundamental que os líderes políticos desencorajem a disseminação de discursos misóginos e discriminatórios, em vez de tolerá-los ou até mesmo apoiá-los.
O masculinismo é um movimento perigoso que ameaça a igualdade de gênero e a harmonia social no Brasil. A pesquisa de Bruna Camilo e outros estudos acadêmicos semelhantes são passos cruciais para entender e combater essa ideologia prejudicial. No entanto, a mudança real só pode ocorrer com a colaboração de todos os setores da sociedade, trabalhando juntos para promover uma cultura de respeito, igualdade e justiça de gênero.
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