Sessão Solene em Queimados marca 20 anos da Chacina da Baixada

Sessão Solene em Queimados marca 20 anos da Chacina da Baixada

Nesta segunda-feira, 31 de março de 2025, a Câmara de Vereadores de Queimados foi palco de uma sessão solene em memória aos 21 anos da Chacina da Baixada, um dos episódios mais trágicos da história da região. A iniciativa, proposta pela organização ComCausa e conduzida pelo vereador Professor Castelano, reuniu familiares das vítimas, autoridades e representantes da sociedade civil em um momento de homenagem e reflexão. Este evento marcou o encerramento das atividades alusivas aos 20 anos da chacina, que tiveram início com uma missa em Nova Iguaçu, no dia 30 de março de 2025, e incluíram um ato público na Praça Nossa Senhora da Conceição.

A cerimônia contou com a participação de Adriano Dias da ComCausa, do Dr. Alexandre Fontes, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Queimados; Rodrigo Ignacio Mondego, representante do mandato da deputada Veronica Lima; integrantes do Fórum Grita Baixada; e Patrícia e Silvânia Azevedo, que representaram os familiares das vítimas da chacina. O evento teve como objetivo principal prestar tributo às 29 pessoas assassinadas em 31 de março de 2004 por policiais militares, além de reforçar o compromisso com a justiça e a preservação da memória histórica.

A abertura foi feita por Adriano Dias, fundador da ComCausa, que propôs a atividade e apresentou um relato histórico sobre o ocorrido. Ele destacou que a ComCausa disponibilizará um memorial eletrônico e levará a exposição sobre os 20 anos da Chacina a outros locais da Baixada Fluminense.

Homenagens e reflexões

Durante a sessão, foram realizadas homenagens às vítimas, com discursos emocionados que destacaram a resiliência dos familiares na busca por reparação e reconhecimento. O vereador Professor Castrelano enfatizou a importância de manter viva a memória do ocorrido: “Precisamos refletir sobre o que aconteceu para que isso nunca mais se repita. A memória é uma ferramenta de transformação e resistência.”

Dr. Alexandre Fontes, presidente da OAB Queimados, trouxe à tona a morosidade do sistema judicial como um fator que contribui para a impunidade: “A lentidão da Justiça permitiu que pessoas com registros criminais, como os PMs presos na época, continuassem cometendo crimes. É um alerta para que o sistema seja mais ágil e eficaz.”

Representando os familiares, Patrícia e Silvânia Azevedo reafirmaram o compromisso de não deixar a tragédia cair no esquecimento: “Estamos aqui há 21 anos lutando para que essas histórias não sejam apagadas. Queremos justiça e dignidade para nossas famílias.”

Rodrigo Ignacio Mondego, representando o mandato da deputada Veronica Lima, destacou a invisibilidade histórica da Baixada Fluminense: “A Baixada ainda sofre com o descaso e a falta de visibilidade. Eventos como este são essenciais para dar voz às vítimas e cobrar mudanças.”

Ato simbólico e memória viva

Antes da sessão na Câmara, um ato simbólico na Praça Nossa Senhora da Conceição, em Queimados, reuniu participantes em uma manifestação pacífica. Com cartazes, velas e mensagens de solidariedade, o grupo reforçou o apoio às famílias e a necessidade de manter viva a luta por verdade e justiça. A ação, realizada às 16h, incluiu a instalação de um memorial temporário, exposição de cartazes, o acendimento de 30 velas em homenagem às vítimas e a leitura solene de seus nomes, servindo como um lembrete do impacto duradouro da violência na região.

A Chacina da Baixada, ocorrida em 31 de março de 2004, deixou marcas profundas na comunidade. Naquele dia, policiais militares percorreram as ruas de Queimados e Nova Iguaçu, assassinando indiscriminadamente 29 pessoas em um dos maiores massacres já registrados no estado do Rio de Janeiro. Passados 21 anos, o caso segue como símbolo da violência institucional e da luta por direitos humanos.

Um chamado à transformação

A programação da sessão solene evidenciou o papel da memória como instrumento de transformação social. Autoridades e familiares concordaram que relembrar a chacina não é apenas uma forma de honrar as vítimas, mas também de pressionar por políticas públicas que evitem a repetição de tragédias semelhantes. A iniciativa da ComCausa e da Câmara de Vereadores foi elogiada por trazer luz a uma questão que, mesmo após mais de duas décadas, permanece sensível e atual. O evento terminou com um apelo coletivo por justiça, reparação e um futuro em que a Baixada Fluminense seja reconhecida não apenas por suas dores, mas também por sua força e resistência.

Missa na véspera em Nova Iguaçu

As atividades alusivas aos 20 anos da Chacina da Baixada começaram em 30 de março de 2024, com uma missa na mesma Paróquia Sagrada Família, em Nova Iguaçu, seguida por um ato público na Praça Nossa Senhora da Conceição, em Queimados. A sessão solene de 31 de março de 2025 representou o encerramento oficial dessa série de eventos, que buscou manter viva a memória das vítimas e discutir ações concretas para a segurança pública e os direitos humanos na região.

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