Na manhã do dia 27 de março de 2023, um aluno do oitavo ano da escola E.E. Thomazia Montoro, na Vila Sônia, de 13 anos, entrou na escola com uma faca e atacou quatro professoras e um aluno. Uma das professoras, Elisabete Tenreiro, de 71 anos, teve uma parada cardíaca e faleceu no Hospital Universitário da USP. As outras três professoras e o aluno ficaram feridos, mas estão bem.
O agressor foi desarmado pelas professoras e contido pela polícia militar, que o encaminhou para o 34° DP, onde o caso foi registrado. Inicialmente, havia a informação de dois alunos feridos, mas um deles não apresentou ferimentos visíveis, apenas entrou em choque e foi atendido no local. A outra criança ferida sofreu um corte no braço e foi levada a um hospital da região. Segundo a mãe de outro aluno, ele tentou salvar uma das professoras e sofreu ferimentos superficiais.
Ronaldo Borges, pai do aluno que tentou salvar a professora durante o ataque, disse que o filho está bem, apesar dos ferimentos sofridos:
“Meu filho está bem. Infelizmente, a professora se foi. Ele tentou defendê-la. Infelizmente, não conseguiu. [O agressor] é um aluno doente, infelizmente. Meu filho levou uma facada no braço. Pelo que pude ver, a facada foi direcionada a ele. No braço, nas costas e no supercílio. Eles estudavam juntos na mesma sala”.
A escola já havia denunciado o comportamento estranho do aluno nas redes sociais, por postar “vídeos comprometedores” nos quais aparece “portando arma de fogo” e “simulando ataques violentos”.
Um boletim de ocorrência foi registrado no último dia 28 de fevereiro na delegacia eletrônica, narrando a denúncia. O Estadão teve acesso ao documento e consta nele que o adolescente “encaminhou mensagens e fotos de armas aos demais alunos por WhatsApp” e “alguns pais estão se sentindo acuados e amedrontados com tais mensagens e fotos”.
O boletim ainda descreve que os responsáveis pelo adolescente foram “convocados e orientados pela Direção da Unidade Escolar”, localizada em Taboão da Serra, “para que as providências cabíveis fossem tomadas”. Os pais se recusam a comentar o atentado e dizem se solidarizar com a família da professora.
O garoto de 13 anos afirmou à polícia que estava planejando o atentado há dois anos e se inspirou no caso de Suzano, que causou 10 mortes. O coordenador de comunicação da Fundação Casa informou que o menor já está no Centro de Integração Inicial da Fundação Casa e nesta terça (28) passará pela audiência na Vara de Infância e Juventude.
O vice-presidente Geraldo Alckmin escreveu em suas redes sociais: “Transmito meus sentimentos e orações à família da professora Elisabete Tenreiro, aos feridos e a toda a comunidade da Escola Estadual Thomazia Montoro, em São Paulo, atingida por uma lamentável ocorrência. O ambiente escolar deve propiciar o desenvolvimento de nossas crianças e adolescentes e fomentar uma cultura de paz, sendo inaceitáveis manifestações de violência.”
O governo paulista decretou luto de três dias pela morte da professora. Em entrevista, sua filha disse que a mãe, já aposentada, gostava de lecionar porque acreditava no poder transformador da educação. Pela manhã, um grupo de pessoas levou flores, velas e cartazes à porta da escola e homenagearam a professora.