Circuito Memória, Verdade e Justiça começa hoje na Estácio de São João de Meriti

ato simbólico na Praça Nossa Senhora da Conceição, em Queimados

Nesta terça-feira, 09 de abril, a cidade de São João de Meriti sedia a abertura oficial do Circuito Memória, Verdade e Justiça, uma iniciativa da organização ComCausa, em parceria com diversas instituições de direitos humanos e universidades. A atividade ocorre a partir das 17h no Auditório João Cândido, da Universidade Estácio de Sá, com entrada gratuita e certificação para os participantes.

Com uma programação que une cinema, debate e memória, o evento marca os 61 anos do golpe civil-militar de 1964 e homenageia os 20 anos da Chacina da Baixada, episódio que vitimou 29 pessoas em 2005, em uma das maiores chacinas da história recente do Brasil.

Entre os destaques do primeiro dia, está a exibição do documentário “Você também pode dar um presunto legal”, produzido de forma clandestina durante os anos de chumbo. A obra denuncia a atuação do Esquadrão da Morte e do delegado Sérgio Fleury, símbolos da repressão promovida pelo regime militar. Em seguida, será realizada uma roda de conversa sobre os impactos da ditadura na Baixada Fluminense, além terá da exposição “Memorial da Chacina da Baixada”, desenvolvida pela ComCausa para manter viva a memória das vítimas do massacre ocorrido há duas décadas.

Um circuito por justiça e resistência
Circuito Memória, Verdade e Justiça encerra sua primeira semana de atividades em São João de Meriti na sexta-feira (11/04), retornando ao Auditório João Cândido da Universidade Estácio de Sá (Meriti), novamente às 17h, com entrada gratuita.

A programação contará com exibição de filmes, debates e atividades educativas com estudantes da rede pública, além da exposição itinerante do Memorial da Chacina da Baixada, reforçando a importância de lembrar esse episódio de violência policial que ainda ecoa na memória das famílias e comunidades da região.

Memória como resistência

A ComCausa, organização fundada em 2010, tem um histórico dedicado à preservação da memória histórica. Em 2012, integrou a Comissão Nacional da Verdade e promoveu o Circuito Memória e História. No ano seguinte, contribuiu para a criação do Comitê Baixada de Memória, Justiça e Verdade. Mesmo enfrentando o desmonte de políticas públicas de memória a partir de 2014 e o avanço de grupos negacionistas, a entidade seguiu firme em sua missão.

Em 2014, a ComCausa lançou a exposição Ditadura e Baixada Fluminense, que evidenciou a repressão do regime militar na região e celebrou a resistência de figuras como Dom Adriano Hipólito. Outro marco de sua atuação é a luta pelo reconhecimento da Casa da Morte, em Petrópolis, um centro de tortura da ditadura que a organização busca transformar em um espaço de memória e conscientização sobre violações de direitos humanos.

Memorial da Chacina da Baixada resgata a memória de um massacre que aconteceu no mesmo dia do golpe de 1964

No dia 31 de março, enquanto o Brasil relembra os 61 anos do golpe civil-militar de 1964, outro marco trágico da história recente ecoa na Baixada Fluminense: a Chacina da Baixada, ocorrida exatamente nesta mesma data, em 2005. Em memória das 29 vítimas assassinadas em Nova Iguaçu e Queimados, foi inaugurado o Memorial da Chacina da Baixada, idealizado pela organização ComCausa, como forma de resistência e preservação da história.

A coincidência das datas não é apenas simbólica, mas reveladora. O massacre, realizado por grupos de extermínio ligados às forças de segurança do Estado, evidencia que o ciclo da violência institucional iniciado com o golpe de 1964 ainda deixa marcas profundas nas periferias brasileiras. Enquanto o regime ditatorial instaurava um período de repressão, censura e tortura, décadas depois, a Baixada Fluminense enfrentava outra forma brutal de violência – desta vez com a conivência e participação direta de agentes públicos.

O filme “Ainda Estou Aqui” e o resgate da memória
O Circuito também se inspira na recente repercussão do filme “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, que retrata a trajetória de Eunice Paiva, em busca do paradeiro de seu marido desaparecido pelo regime. A produção tem fortalecido ações educativas e culturais voltadas para a valorização da memória histórica como instrumento de justiça — exatamente o que o Circuito busca reforçar.

O evento segue na próxima semana para a cidade de Queimados, com uma edição especial no Projeto Prof. Fábio Castelano, a partir das 19h.

Serviço
Circuito Memória, Verdade e Justiça – Etapa São João de Meriti
Local: Auditório João Cândido – Estácio São João de Meriti (Av. Automóvel Clube, 1.178)
Data: 09 e 11 de abril de 2025
Horário: A partir das 17h
Entrada gratuita | Certificação para participantes

Circuito Memória, Verdade e Justiça – Etapa Queimados
Local: Projeto Prof. Fábio Castelano | Praça Nossa Senhora da Conceição – Rua Heloísa, 240
Data: 17 de abril de 2025
Horário: A partir das 19h

Atrações: Exibição de filme, debates, atividades com estudantes e exposição do Memorial da Chacina da Baixada.

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