A Chacina de Acari é um episódio emblemático da violência no Brasil, ocorrido na noite de 26 de julho de 1990, no Rio de Janeiro. O caso envolveu o desaparecimento de 11 jovens, sendo sete homens e quatro mulheres, com idades entre 16 e 20 anos, que foram sequestrados enquanto estavam num sítio na região de Magé, na Baixada Fluminense.
Os jovens eram moradores da comunidade de Acari, localizada na zona norte do Rio de Janeiro, e estavam em um sítio, passando o fim de semana, quando foram abordados por policiais. Os jovens foram levados e nunca mais encontrados.
Investigações e Impunidade
O caso ganhou grande repercussão nacional e internacional, sendo um símbolo da violência policial e da impunidade no Brasil. Apesar de décadas de investigações, até hoje não há respostas definitivas sobre o paradeiro das vítimas ou os responsáveis pelo crime.
As mães das vítimas, conhecidas como as Mães de Acari, tornaram-se figuras importantes na luta por justiça e direitos humanos no Brasil. Elas mobilizaram protestos, denunciaram o caso a organismos internacionais e passaram a ser ícones da resistência e luta contra a violência do Estado. Muitas dessas mães sofreram ameaças e perseguições ao longo de suas vidas devido à insistência na busca por justiça.
A Chacina de Acari é vista como um marco na denúncia de execuções sumárias, desaparecimentos forçados e ações violentas de grupos armados, muitas vezes associados às forças de segurança pública ou milícias. O caso também chamou a atenção para o descaso das autoridades na investigação de crimes cometidos contra jovens de comunidades pobres e negras no Brasil.
Apesar dos esforços das famílias, o crime permanece sem solução, e as vítimas continuam desaparecidas, representando uma ferida aberta na história dos direitos humanos no Brasil.
Brasil condenado por violações dos direitos humanos
A Corte Interamericana de Direitos Humanos determinou que o Brasil violou os direitos à vida, à integridade, à liberdade pessoal e ao reconhecimento da personalidade jurídica, assegurados por convenções internacionais. O tribunal também concluiu que o Estado falhou em investigar adequadamente os crimes, oferecer tratamento igualitário às famílias das vítimas e evitar os danos psicológicos causados a elas. Como reparação, o Brasil deverá avançar nas investigações, localizar os desaparecidos, promover um ato público de responsabilização, criar um memorial na Favela de Acari e realizar um estudo sobre milícias e grupos de extermínio no Rio de Janeiro.
Este é o segundo caso de condenação internacional envolvendo abusos policiais no estado. Em 2017, o país foi obrigado a reabrir investigações sobre chacinas ocorridas em 1994 e 1995 no Complexo do Alemão, nas quais 26 jovens foram mortos, com relatos de tortura e estupro. O Brasil também precisou indenizar cerca de 80 pessoas pelas violações.
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