Dia da criação do DOI-CODI a maquina de torturar e matar

Tortura Golpe Militar ComCausa

No auge da Ditadura Militar no Brasil, em 1970, o então presidente Emílio Garrastazu Médici oficializou a criação de um dos órgãos mais temidos e cruéis da história recente do país: o DOI-Codi (Destacamentos de Operação Informações – Centros de Operações e Defesa Interna). Sob a direção do general Orlando Geisel, Ministro do Exército, e comando do chefe do Estado-Maior do Exército, este departamento tinha como missão centralizar e organizar a repressão aos adversários do regime militar.

Inspirado na Operação Bandeirante (Oban), o DOI-Codi foi concebido para reunir forças civis e militares em um esforço coordenado contra as organizações de esquerda. O modelo de operação envolvia um Centro de Coordenação, composto por uma Central de Informações e uma Central de Operações, cobrindo todo o território nacional. Além do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, também integravam o departamento policiais civis e militares, agentes dos Dops estaduais e até soldados dos corpos de bombeiros.

Sinônimo de tortura e assassinato

Apenas no DOI-Codi do 2° Exército, em São Paulo, mais de 6.700 presos passaram por suas instalações, dos quais pelo menos 50 foram assassinados sob custódia entre 1969 e 1975, segundo o pesquisador Pedro Estevam da Rocha Pomar. Durante esse período, organizações como Ação Libertadora Nacional (ALN), Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) e Ala Vermelha foram completamente desarticuladas através de assassinatos e prisões.

Os DOI-Codi não agiam isoladamente. Eles coordenavam suas ações com o Centro de Informações do Exército (CIE) e outros órgãos de informação das Forças Armadas, como o Centro de Informações da Marinha (Cenimar) e o Centro de Informações da Aeronáutica (Cisa), além dos Dops estaduais. Em São Paulo, o departamento utilizava as instalações da Oban no bairro do Paraíso, enquanto no Rio de Janeiro operava a partir do quartel da Polícia do Exército, na Tijuca.

DOI-Codi no Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, o DOI-Codi funcionava no Quartel do 1º Batalhão da Polícia do Exército, localizado na Rua Barão de Mesquita, nº 425, no bairro da Tijuca. Este local se tornou um dos epicentros de repressão na cidade, onde militantes da luta armada eram presos, torturados e frequentemente assassinados.

Existe a ideia de transformar esse emblemático local em um centro de memória, à semelhança da Escola de Mecânica da Armada (ESMA) na Argentina, que funcionava como câmara de tortura durante a ditadura militar argentina e agora serve como um memorial para garantir que os horrores do passado não sejam esquecidos.

Outras Sedes do DOI-Codi
Em Recife, então a terceira maior metrópole do país, o DOI-Codi estava localizado ao lado do antigo quartel do 4º Exército. Assim como em São Paulo e no Rio de Janeiro, militantes da luta armada contra o regime militar eram presos, torturados e muitas vezes assassinados no local.

Porto Alegre
Em Porto Alegre, a sede do DOI-Codi era situada na Rua Luiz Afonso, 55, no bairro Cidade Baixa. Aqui também, a repressão foi intensa, com diversos militantes sendo submetidos a práticas brutais.

Os primeiros anos de funcionamento do DOI-Codi focaram no combate às organizações de esquerda armada. A partir de janeiro de 1971, sob o comando do general Humberto de Sousa Melo, o órgão passou a adotar uma política de homicídios sistemáticos. Em 1974, o “desaparecimento” de presos políticos atingiu seu auge, e 90 integrantes do DOI-Codi do 2° Exército foram condecorados com a Medalha do Pacificador com Palma, a mais alta distinção nos meios militares.

Massacre da Lapa e o fim do DOI-Codi
Um dos episódios mais notórios envolvendo o DOI-Codi foi o Massacre da Lapa, em dezembro de 1976. Após uma reunião clandestina de cúpula do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) em São Paulo, a polícia cercou e metralhou a residência onde o encontro ocorria. Dois dirigentes, Ângelo Arroyo e Pedro Pomar, foram mortos, e João Batista Drummond morreu sob tortura. Este massacre marcou o ápice da brutalidade do DOI-Codi.

O DOI-Codi foi desativado apenas no final do governo do general João Batista Figueiredo (1979-1985), através de uma portaria reservada do ministro do Exército, general Valter Pires. Suas funções foram reabsorvidas pelas 2ªs Seções do Exército, que passaram a focar apenas em informações da área militar.

Legado de Terror
A história do DOI-Codi é uma mancha na memória do Brasil, um lembrete sombrio dos horrores cometidos durante a Ditadura Militar. Sua criação e operações simbolizam a extrema violência e repressão empregadas contra aqueles que ousaram desafiar o regime, deixando um legado de sofrimento que ainda ecoa na sociedade brasileira.

Foto ilustrativa.

Fonte: Memorial da Democracia

Portal C3 | Portal C3 Oficial

Comunicação de interesse público | ComCausa

Virtuo Comunicação