Edson Davi completa 8 Anos e família não desiste de encontrar respostas

Edson Davi foto Reprodução

Hoje dia 25 de fevereiro, Edson Davi completaria oito anos de idade. O que deveria ser um momento de celebração para sua família se tornará mais uma oportunidade para reforçar as buscas e exigir respostas sobre o seu desaparecimento, ocorrido em 4 de janeiro de 2024, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. O caso do menino Edson Davi, que comoveu o Brasil, ainda está sem solução e continua gerando angústia e preocupação entre seus familiares e apoiadores.

Segundo a sua mãe, Marize Araujo, na tarde do dia 4 de janeiro, a última pessoa a ter contato com Davi foi um argentino, que estava acompanhado de seus dois filhos e jogou bola com ele até as 16h54, ao lado da barraca. Apenas nove minutos depois de pararem de jogar, Davi desaparece. Por volta das 16h55, ele voltou para a barraca e, aparentemente, disse algo ao pai, o que foi visto por uma testemunha que estava pagando sua conta para o pai do Davi. Nesse momento corre ao local onde não tinha nenhum tipo de vigilância, pois a câmera da prefeitura não estava funcionando naquele dia, e a câmera do hotel onde a família argentina estava hospedada estava voltada para baixo, para a área de carga e descarga. A última pessoa a ter contato com o menino foi o argentino e seus filhos, logo antes de alguém ter atraído Davi para essa área sem cobertura de câmeras, onde ele desapareceu por volta das 17h.

Destaca Marize que, “o mais grave é que, apesar de essa importante testemunha ter visto o momento em que Davi correu em direção ao local e avisou ao pai, a Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), responsável pela investigação do caso, infelizmente se recusou a ouvir o depoimento dessa testemunha. Mesmo com os advogados solicitando duas vezes a oitiva dessa testemunha, bem como de outras pessoas que seriam cruciais para evidenciar o rapto de Davi, o depoimento nunca foi ouvido, o que prejudicou ainda mais a elucidação do caso.”

Segundo informações que chegaram à família, a DDPA teria se baseado em depoimentos mal interpretados e incluído no inquérito relatos de pessoas que estavam em horários muito distantes da ocorrência, sugerindo um afogamento. A situação é descrita como uma montagem irresponsável e cruel de um afogamento, completamente fora da realidade dos fatos. Marize Araújo, mãe de Davi, apontou isso como uma tentativa de desviar a atenção do verdadeiro desaparecimento do menino, minimizando a gravidade do caso.

Essa situação evidencia a urgência de um processo de investigação mais transparente e eficaz. A recusa em ouvir testemunhas cruciais e a manipulação de depoimentos não apenas atrasam a resolução do caso, mas também aumentam a dor e o sofrimento da família, que continua a lutar por justiça e por respostas sobre o que realmente aconteceu com Davi.

No dia seguinte, 5 de janeiro, as equipes de busca do Corpo de Bombeiros começaram a atuar, realizando buscas no mar e na areia da praia. A Polícia Civil analisou imagens de câmeras de segurança e ouviu testemunhas para tentar entender os últimos movimentos do menino. A principal linha de investigação apontava para a possibilidade de um afogamento, dado o mar agitado naquela tarde, embora a ausência de sinais de sequestro não descartasse outras hipóteses.

Com o passar dos dias, a família de Edson Davi recebeu novas informações, como uma foto de um garoto fazendo um lanche, que, segundo algumas fontes, seria o menino desaparecido, mas a criança não foi reconhecida. As buscas continuaram, e a polícia solicitou à população que colaborasse com qualquer informação relevante. No dia 4 de fevereiro de 2024, quando o desaparecimento completou um mês, familiares e apoiadores realizaram protestos na praia da Barra da Tijuca, pedindo respostas. A busca por informações e pela verdade segue até hoje, e em 3 de janeiro de 2025, um ano após o desaparecimento, familiares e apoiadores organizaram um ato na mesma praia, reforçando o pedido por justiça e exigindo que as autoridades intensifiquem as investigações.

Diante da falta de avanços nas investigações, familiares e apoiadores seguirão promovendo ações para manter o caso em evidência e pressionar as autoridades responsáveis. Entre os familiares, Marize Araújo, mãe de Edson Davi, tem sido incansável na busca por informações sobre o paradeiro do filho.

A ComCausa se propôs a intensificar o apoio à família quando houve a manifestação de um ano de seu desaparecimento, auxiliando na mobilização e na divulgação do caso por meio de uma série de reportagens. O material será publicado no Portal RedeDH, integrada ao site comcausa.org.br, e no Portal de Notícias C3, além das redes sociais da instituição, principalmente a Crianças com Direitos. A iniciativa visa ampliar a visibilidade do desaparecimento e alertar a sociedade sobre o número crescente de casos semelhantes no Brasil.

Apelo da mãe de Edson Davi

Marize, mãe de Edson Davi, faz um apelo em busca de respostas sobre o caso de seu filho. Ela relatou que não mantém contato com a delegacia desde o segundo mês após o desaparecimento, pois nunca acreditou na versão de que ele teria se afogado. “Eles me disseram que meu filho deve ter ficado preso nas pedras, mas meu filho nunca entraria no mar. Contratei uma perícia séria, que provou, por meio de relatório, que meu filho nunca entrou no mar. Isso é um fato, temos como provar”, afirmou.

Marize também pediu que a Polícia Federal assuma a investigação do caso com seriedade e dignidade. “Nosso apelo é que a Polícia Federal passe a investigar o caso do meu filho, com seriedade e dignidade, e faça justiça por Davi. Tudo leva a crer que meu filho foi vítima de tráfico humano”, disse.

O desaparecimento de Edson Davi reflete uma realidade alarmante. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), milhões de crianças e adolescentes desaparecem anualmente em todo o mundo, e cerca de 46 milhões de pessoas vivem em condições de trabalho escravo, sendo 40% delas menores de idade. O índice de desaparecimento infantil cresce cerca de 10% ao ano, evidenciando a necessidade de políticas públicas mais eficazes para prevenção e busca de desaparecidos. No Brasil, os números também são preocupantes. De acordo com a CPI da Câmara dos Deputados de 2010, aproximadamente 250 mil pessoas desaparecem anualmente no país, e uma criança ou adolescente desaparece a cada 15 minutos. A falta de integração entre os órgãos de segurança e a morosidade das investigações dificultam a resolução dos casos, aumentando o sofrimento das famílias que, muitas vezes, enfrentam o descaso do poder público.

Desaparecimento de crianças e adolescentes: um problema crescente

O desaparecimento de Edson Davi reflete uma realidade alarmante. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), milhões de crianças e adolescentes desaparecem anualmente em todo o mundo, e cerca de 46 milhões de pessoas vivem em condições de trabalho escravo, sendo 40% delas menores de idade. O índice de desaparecimento infantil cresce cerca de 10% ao ano, evidenciando a necessidade de políticas públicas mais eficazes para prevenção e busca de desaparecidos.

No Brasil, os números também são preocupantes. De acordo com a CPI da Câmara dos Deputados de 2010, aproximadamente 250 mil pessoas desaparecem anualmente no país, e uma criança ou adolescente desaparece a cada 15 minutos. A falta de integração entre os órgãos de segurança e a morosidade das investigações dificultam a resolução dos casos, aumentando o sofrimento das famílias que, muitas vezes, enfrentam o descaso do poder público.

A família de Edson Davi seguirá firme na luta por justiça e visibilidade para o caso. A mobilização no dia do aniversário da criança pretende sensibilizar a sociedade e reforçar a cobrança às autoridades para que o desaparecimento não caia no esquecimento.

Principais causas do desaparecimento infantil

Diversos fatores contribuem para o desaparecimento de crianças e adolescentes, sendo as principais causas os conflitos familiares, que frequentemente levam a fugas de casa; o uso de drogas e álcool, resultando no afastamento voluntário ou em situações de vulnerabilidade; os maus-tratos e o abuso sexual, que podem motivar o desaparecimento ou até mesmo o sequestro; o trabalho escravo, em que menores são explorados em condições degradantes; o tráfico de pessoas, incluindo exploração sexual e remoção de órgãos; e a adoção ilegal, na qual crianças são levadas para outros países sem os devidos trâmites legais.

Legislação e medidas para enfrentar o problema

Diante da crise dos desaparecimentos, o Brasil implementou a Lei nº 13.812/2019, que instituiu a Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas e criou o Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas. A legislação estabelece que a busca por desaparecidos seja tratada como prioridade e urgência pelo poder público, além de exigir a cooperação entre órgãos de segurança e entidades responsáveis.

Paralelamente, a Campanha Criança Desaparecida, promovida pelo Conselho Federal de Medicina, propõe ações fundamentais para a prevenção e o enfrentamento desse problema, como a notificação obrigatória de todos os boletins de ocorrência ao Ministério da Justiça, acompanhados de fotos do desaparecido; a atualização constante do Cadastro Nacional de Desaparecidos e a realização de campanhas preventivas; a expedição de RG para recém-nascidos, garantindo maior controle da identidade infantil; a unificação nacional da numeração do RG, facilitando o rastreamento de menores; e a criação de um sistema de alerta regional, semelhante ao Alerta AMBER dos Estados Unidos, que permite a rápida comunicação sobre desaparecimentos.

O que fazer em caso de desaparecimento de criança ou adolescente?

Caso uma criança desapareça, a atuação rápida é essencial. O primeiro passo é registrar imediatamente o boletim de ocorrência na delegacia mais próxima, pois não há necessidade de aguardar 24 horas para comunicar o desaparecimento. É fundamental levar fotos atualizadas da criança para facilitar a identificação e verificar se o telefone de contato da família informado no boletim está correto. Além disso, é importante avisar familiares e amigos para ampliar a rede de busca, percorrer os locais que a criança frequenta e procurar por testemunhas.

Durante a busca, deve-se informar às autoridades as roupas e objetos que a criança usava no momento do desaparecimento, bem como manter alguém no local onde ela foi vista pela última vez, já que muitas crianças tendem a retornar ao ponto inicial. Ensinar os menores a memorizar telefones úteis para emergências também é uma medida preventiva essencial. Caso a criança seja encontrada, a polícia deve ser informada imediatamente para que o registro de desaparecimento seja retirado dos bancos de dados oficiais.

Para denúncias e apoio, é possível recorrer a diversos canais especializados, como o Disque 100 (Central de Direitos Humanos), o Disque 181 (para denúncias anônimas sobre desaparecimento e tráfico de pessoas), o Disque 190 (Polícia Militar), o Cadastro Nacional de Desaparecidos, a SOS Crianças Desaparecidas – FIA, a SaferNet (para casos de exploração infantil na internet), o Plid – Localização e Identificação de Desaparecidos – MPRJ, o Projeta Brasil (plataforma de denúncias) e as delegacias especializadas em pessoas desaparecidas.

Mais notícias

01 – Família pede ajuda para esclarecer desaparecimento de Edson Davi

02 – PodCast debate caso Edson Davi com Leniel Borel e Marize Araújo

03 – Família de Edson Davi organiza manifestação por justiça no Posto 4 da Praia da Barra da Tijuca

04 – Família de Edson Davi realiza ato em memória de seu desaparecimento e denuncia falhas no enfrentamento aos desaparecimentos no RJ

05 – Caso Edson Davi: Aniversário do menino será marcado por mobilização e cobrança por respostas

Fale conosco! | Nos conheça

Projeto Comunicando ComCausa

Portal C3 | Instagram C3 Oficial

______________

Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *