No fim da tarde de domingo (10), o silêncio de um bairro residencial em São João de Meriti foi rompido pelo som seco de disparos. Dentro de um carro parado na Rua Tibet, em Vilar dos Teles, estava a sargento da Marinha Juliana da Silva Oliveira Pessoas, de 37 anos, grávida de quatro meses. Minutos antes, ela havia saído de um almoço de Dia dos Pais com o marido, a sogra, a irmã e o cunhado. A comemoração terminou em tragédia.
Imagens de câmeras de segurança mostram uma moto se aproximando lentamente. Juliana percebeu e alertou o marido, que estava ao volante. A porta traseira começava a se abrir para que os passageiros desembarcassem quando o garupa apontou a arma e atirou em direção ao motorista. O carro estava parado. Não houve anúncio de assalto, nem qualquer diálogo. Apenas o estampido e a fuga apressada dos dois criminosos.
Dentro do veículo, o pânico. O marido acelerou, tentando manter a esposa consciente. Minutos depois, Juliana seria levada às pressas para o Hospital da Mulher Heloneida Studart. De lá, transferida em estado gravíssimo para o Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias. Os médicos contabilizaram cinco perfurações no corpo, com lesões em artérias e veias da região pélvica e da perna esquerda. Uma cirurgia de emergência foi feita para conter o sangramento. Ela segue no CTI, entubada.
“Foi tudo muito rápido. Antes deles chegarem, ela já tinha percebido. O carro mal tinha parado e os tiros vieram. Eles não pediram nada”, relatou o cunhado, ainda abalado.
A mãe de Juliana, a cabeleireira Eliane Oliveira, diz que soube da notícia pelo genro. “Minha filha estava feliz, esperando bebê. Não dá para entender por que fizeram isso. Só queremos que ela viva e que esses homens sejam encontrados”, disse com a voz embargada.
A Polícia Civil, por meio da 64ª DP (Vilar dos Teles), investiga se o caso foi uma tentativa de assalto frustrada ou uma execução. Até agora, não há suspeitos presos.
Enquanto isso, familiares se dividem entre a sala de espera do hospital e a esperança de que Juliana resista. No ventre dela, uma vida de quatro meses luta junto com a mãe. Na Baixada Fluminense, mais uma história de violência entra para as estatísticas — mas, para quem ama Juliana, este é um drama que nenhum número pode traduzir.
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