Em maio de 2006, uma onda de violência tomou conta de São Paulo, resultando na morte de mais de 500 pessoas. As vítimas eram em sua maioria jovens negros, pobres e moradores de periferias. O episódio ficou conhecido como os “Crimes de Maio”. Mas para um grupo de mulheres, a dor da perda se transformou em luta por justiça e memória. Essas mulheres são conhecidas como as Mães de Maio.
Crimes de Maio
Em maio de 2006, o estado de São Paulo viveu uma onda de violência sem precedentes. Policiais e grupos paramilitares ligados à polícia realizaram uma série de execuções sumárias, em retaliação aos “ataques do PCC”, como foram rotulados pela mídia tradicional. Em apenas nove dias, entre 12 e 21 de maio, ocorreram 425 execuções e quatro pessoas desapareceram. A matança continuou nos dias seguintes, resultando na morte de mais 80 civis.
Desde então, as famílias das vítimas da violência policial têm lutado incansavelmente por justiça e memória. Surgiu então as “Mães de Maio”, que no último anos tem promovido diversas atividades nessa luta, incluindo o acolhimento e a solidariedade entre familiares e amigos das vítimas do Estado, a denúncia sistemática dos casos e da situação das investigações e processos, a participação em debates, seminários, encontros e conferências, bem como a organização de atividades de luta, como protestos, marchas e vigílias.
O movimento Mães de Maio é composto por mães, familiares, amigos e amigas de vítimas da violência do Estado em São Paulo, principalmente na capital e na Baixada Santista. Desde os Crimes de Maio, essas mulheres têm se unido para lutar pela verdade, memória e justiça para todas as vítimas da violência discriminatória, institucional e policial contra a população pobre, negra e os movimentos sociais brasileiros, de ontem e de hoje.
Apesar de enfrentarem ameaças, intimidações e violência, as Mães de Maio seguem firmes na luta por justiça e memória. Elas realizam manifestações pacíficas, atos políticos, vigílias e encontros para discutir estratégias e organizar ações. O grupo também participa de iniciativas de outros grupos e entidades públicas, além de publicar o livro “Do luto à luta”, que teve boa repercussão na imprensa nacional.
As Mães de Maio se tornaram um símbolo de resistência e solidariedade, apoiando outras lutas por justiça e memória, como a luta das famílias de vítimas da Chacina de Osasco. Elas se tornaram uma voz importante na denúncia da violência do Estado e na defesa dos direitos humanos. E enquanto houver injustiça e impunidade, essas mulheres seguirão lutando para que a memória de seus filhos e filhas seja honrada, e para que a justiça seja feita.
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