A escritora Nélida Piñon, nascida em 3 de maio de 1937 no bairro de Vila Isabel, Rio de Janeiro, foi uma das figuras mais destacadas na literatura do Brasil. Filha de Lino Piñon Muíños e Olívia Carmem Cuíñas Piñon, ambos da Galícia, na Espanha, cresceu imersa na cultura literária desde a infância.
Seu nome, um anagrama do avô Daniel, ecoa na história da literatura. Desde muito jovem, foi incentivada à leitura e já escrevia pequenas histórias, mostrando seu potencial desde cedo. Aos nove anos, já frequentava o Teatro Municipal e aos dez anos fez uma longa viagem à terra de seus pais, experiência que a marcou por quase dois anos.
Após passar por diferentes bairros cariocas, estudou Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. A perda de seu pai aos 20 anos, figura crucial em sua formação literária, foi um momento marcante em sua vida.
Sua estreia na literatura ocorreu em 1961 com o romance “Guia-Mapa de Gabriel Arcanjo”, abordando temas como pecado, perdão e a relação dos mortais com Deus. Logo em seguida, em 1963, publicou “Madeira Feito Cruz”. Sua trajetória incluiu uma passagem pelos Estados Unidos com a bolsa “Leader Grant”, concedida pelo Governo norte-americano, além de trabalhos como editora assistente na revista Cadernos Brasileiros e como professora da cadeira de Criação Literária na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Nélida entrou para a Academia Brasileira de Letras em 1990, ocupando a cadeira número 30. Em um marco histórico, foi eleita a primeira mulher presidente da ABL por ocasião do seu primeiro centenário, em 1996.
Sua influência foi além das fronteiras brasileiras. Entre 1990 e 2003, ocupou a Cátedra Henry Kin Stanford em Humanidades na Universidade de Miami, ministrando cursos, realizando debates e conferências. Além disso, foi escritora-visitante em diversas universidades renomadas como Harvard, Columbia, Georgetown e Johns Hopkins, entre outras.
A obra de Nélida Piñon é vasta e internacionalmente reconhecida, sendo traduzida para diversos países como Alemanha, Espanha, Itália, Estados Unidos, Cuba, União Soviética e Nicarágua. Em homenagem a sua contribuição, a Biblioteca Nélida Piñon foi inaugurada em Salvador, Bahia, e outras honrarias, como prêmios literários e títulos de Doutor Honoris Causa, destacam-se em sua trajetória.
Nélida Piñon faleceu em 17 de dezembro de 2022, em Lisboa, Portugal, onde residia. Sua extensa obra literária abarca romances como “Fundador”, “A Casa da Paixão”, “A República dos Sonhos”, “Vozes do Deserto”, entre outros, além de contos e ensaios que ecoam como legado na literatura brasileira e internacional.