Pais de desaparecidos em Nova Iguaçu fazem apelo para enterrar seus filhos

Familiares de Caíque e Kauã

Os pais de Caíque Porfírio da Silva e Kauã Mateus Porfírio Carrilho, ambos com idades de 18 e 19 anos, que estão desaparecidos desde a última segunda-feira (11), compareceram à 54ª Delegacia de Polícia (Belford Roxo) na manhã desta sexta-feira. feira (15) em busca de esclarecimentos.

A família suspeita que os jovens, que são primos, tenham sido vítimas fatais de um equívoco durante um conflito entre facções na comunidade Buraco do Boi, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, sendo confundidos como criminosos.

Segundo a mãe do Kauã, Débora Muniz, a sensação das buscas pelo filho e sobrinho é angustiante. “O coração tá despedaçado, só eu sei como eu tô por dentro, tô acabada, a incerteza de como tá, onde tá, é muito angustiante, porque quando você perde um filho e vc sabe onde tá e enterra é uma coisa, agora você não saber o que fizeram é outra. É angustiante demais, já são cinco dias sem meus filhos”, lamentou.

Débora explica que tanto ela, quanto a irmã, que é a mãe do Caíque, já fizeram de tudo e até entraram na comunidade em busca de respostas. “A gente já correu pra todos os lados, já entramos na comunidade, já perguntamos e eles sempre negando que eles não estão lá, mas a gente tem muitas informações de pessoas diferentes dizendo que eles sim estavam lá dentro, vivos até terça às 20h, só que depois disso não sei mais”, disse.

Segundo Débora, os dois possuem amigos na região e eram conhecidos na localidade. “Eles são nascidos e criados no bairro Miguel Couto, todo mundo conhece eles, estudavam no Ciep, que é muito grande, então tem muita amizade. Eles sempre iam lá, e por ter essa guerra de faccão eles devem ter sido confundidos, alguma coisa assim”, relatou.

A mãe do jovem reforçou que mesmo que mortos, ela quer os corpos para que possa fazer enterros dignos. “Só o que a gente pede é que tire os corpos pra gente poder enterrar, porque a gente já tem informação que eles estão mortos lá num tal de piso 3, a gente só queria que fossem buscar os corpos pra gente fazer um enterro digno para nossos filhos”, lamentou.

Guerra entre traficantes em Nova Iguaçu deixa sete jovens mortos em onda de violência:

No bairro de Ambaí, na localidade de Buraco do Boi, em Miguel Couto, Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, uma tragédia chocante assola a comunidade. Nas últimas 72 horas, relatos de familiares apontam que sete jovens foram brutalmente assassinados por grupo criminoso que mantém seu domínio na região. Entre as vítimas já identificadas estão Caíque Porfírio da Silva, de 18 anos, e seu primo, Cauã Fernandes Porfírio, de 19 anos.

O pai de Caíque, Júlio César Gonçalves da Silva, de 39 anos e pedreiro de profissão, relata que seu filho e o primo foram capturados por membros da facção criminosa Terceiro Comando Puro, que controla o tráfico de drogas na área. Júlio César, uma figura conhecida na comunidade devido aos seus serviços profissionais locais, alega ter sido abordado por criminosos fortemente armados, portadores de fuzis, que lhe mostrou fotos dos dois jovens. Segundo o pedreiro, os criminosos o instruíram a parar de procurar seu filho e seu sobrinho, revelando que ambos foram mortos e seus corpos foram carbonizados após serem submetidos a torturas e arrastados presos à traseira de um veículo. Júlio César também afirmou que os agressores o alertaram de que estão armados e que nem a polícia teria sucesso em adentrar na região.

Apesar das tentativas de buscar ajuda junto às autoridades, Júlio César Gonçalves da Silva lamenta a inércia policial, alegando que, embora tenha procurado a delegacia de Belford Roxo e oferecido sua colaboração, os agentes esperam “ordens superiores” para entrar na comunidade. A Polícia Militar, por sua vez, afirmou que não foi acionada. A Agência Brasil contatou a Polícia Civil em busca de esclarecimentos e aguarda retorno.

Segundo informações que obtiveram a circular na última quinta-feira (14), os assassinatos em série tiveram início no sábado (9) com a morte de um jovem, seguido de mais dois registros no domingo (10) e quatro na segunda-feira ( 11). Até o momento, nenhum corpo foi recuperado.

As primeiras notícias sobre a chacina foram divulgadas por movimentos sociais que atuam na região e são comprometidos com os direitos humanos. Eles denunciaram a gravidade da situação e expressaram preocupação com a falta de assistência na extensa área que engloba os bairros de Santa Rita, Miguel Couto e Parque Flora, em Nova Iguaçu. Lideranças locais, que preferem o anonimato para recebimento de represálias, destacam a completa ausência de políticas públicas e o abandono que assola a região.

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