Memória: Luiz Gama importante líder abolicionista
Em 24 de agosto de 1882, o Brasil perdeu um dos mais notáveis defensores da liberdade e da justiça social: Luiz Gama. Falecido aos 52 anos em São Paulo, devido a complicações da diabetes, Gama deixou um legado inigualável como líder abolicionista, jornalista, advogado e maçom. Sua vida é um símbolo de resistência, coragem e dedicação, e seu nome ressoa até hoje como um dos grandes heróis da história brasileira, especialmente na luta pela abolição da escravatura.
Nascido em Salvador, na rua do Bângala, Freguesia de Sant’Ana, em 21 de junho de 1830, Luiz Gama era filho de Luiza Mahin, uma negra livre da nação Nagô, heroína na Revolta dos Malês e na Sabinada, e de um fidalgo português. A infância de Gama foi marcada pela adversidade: vendido como escravo pelo próprio pai aos dez anos, ele foi levado para o interior de São Paulo. Porém, sua história de superação começou a se desenhar quando, aos 17 anos, alfabetizado por um hóspede da fazenda onde vivia, ele percebeu que sua condição de escravo era ilegal. Fugiu para São Paulo, onde conquistou sua alforria e iniciou sua caminhada como defensor dos direitos humanos.
O Maçom Luiz Gama: Compromisso com a liberdade e a igualdade
Quanto à sua vida maçônica, destacamos que, em 1º de agosto de 1870, Luiz Gama foi iniciado na Ordem Maçônica, sendo também um dos fundadores da Loja América, cujos membros atuavam contra a escravidão. A Maçonaria desempenhou um papel central na vida de Gama, fornecendo não apenas o apoio moral, mas também o suporte financeiro necessário para que ele pudesse exercer sua vocação de advogado, mesmo sem um diploma formal.
Dentro da Maçonaria, Luiz Gama ocupou vários cargos de destaque. Em 1872, tornou-se 2º Vigilante da Loja América, e no ano seguinte, foi promovido a 1º Vigilante. Em 1874, Gama alcançou o posto mais alto dentro de uma Loja Maçônica, tornando-se o Venerável Mestre da Loja América. Sua liderança e dedicação à causa abolicionista eram profundamente alinhadas com os princípios maçônicos de liberdade, igualdade e fraternidade.
Advocacia e Luta Abolicionista: Um Legado de Justiça
A atuação de Luiz Gama como advogado provisionado é uma das mais notáveis na história do Brasil. Em 1872, ele ganhou notoriedade ao libertar 217 escravos em uma ação no Supremo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Com o apoio de sua Loja Maçônica e de amigos, Gama dedicou sua vida à causa da abolição, libertando cerca de mil escravos ao longo de sua carreira, um feito que até hoje é motivo de orgulho para os maçons e para todos os defensores da justiça social.
Apesar do forte racismo da época, que o impediu de se formar formalmente em Direito, Gama conseguiu atuar como advogado através de uma autorização especial, após prestar exame na Ordem dos Advogados do Brasil. Sua inteligência, cultura jurídica e oratória o tornaram imbatível nos tribunais, onde ele se tornou um verdadeiro defensor dos oprimidos.
Contribuições à imprensa e reconhecimento póstumo
Além de sua brilhante carreira como advogado, Luiz Gama também foi pioneiro na imprensa humorística paulista, fundando o jornal Diabo Coxo com Ângelo Agostini e o Jornal Paulistano com Rui Barbosa. Seu papel na mídia foi crucial para a disseminação das ideias abolicionistas e para a mobilização social contra a escravidão.
O reconhecimento formal de seu trabalho veio muito depois de sua morte. Em 2015, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) o registrou postumamente como advogado, e em 2017, uma das salas da OAB foi nomeada em sua homenagem. Sua vida e legado foram imortalizados no filme Doutor Gama, lançado em 2021, que narra sua trajetória desde a infância até se tornar um dos maiores advogados abolicionistas do Brasil.
Um exemplo eterno para a Maçonaria e para a sociedade
A vida de Luiz Gama é um exemplo de determinação, inteligência e compromisso com a justiça, profundamente enraizado nos valores maçônicos de liberdade, igualdade e fraternidade. Sua atuação como maçom, advogado e abolicionista o torna uma inspiração não apenas para os maçons de sua época, mas também para as gerações futuras que buscam construir uma sociedade mais justa e fraterna.
Neste 24 de agosto, ao celebrarmos os 142 anos de sua morte, lembramos Luiz Gama como um verdadeiro herói nacional e um irmão maçom que dedicou sua vida à causa da liberdade e da justiça. Seu legado é um farol que continua a iluminar o caminho de todos aqueles que lutam por um mundo mais justo e igualitário. Que sua história inspire a todos os maçons e cidadãos a perseverarem na busca por um futuro onde a dignidade humana seja sempre respeitada.
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