Na noite de 24 de dezembro, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, o carro de uma família foi atingido por disparos durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na Rodovia Washington Luís.
Alexandre da Silva Rangel, de 53 anos, foi atingido por um tiro na mão esquerda e recebeu alta médica ainda na noite de terça-feira. Já sua filha, Juliana Leite Rangel, de 26 anos, foi baleada na cabeça e socorrida pela própria PRF ao Hospital Adão Pereira Nunes. Após ser entubada, Juliana passou por uma cirurgia sem intercorrências, mas seu quadro permanece gravíssimo no Centro de Terapia Intensiva (CTI).
Deyse Rangel, mãe de Juliana, relatou que, ao ouvir a sirene do carro da PRF, a família ligou a seta para encostar, mas os agentes saíram do veículo atirando. A família seguia para a casa de parentes em Itaipu, Niterói, onde comemoraria o Natal, quando o incidente ocorreu.
O superintendente da PRF no Rio de Janeiro, Vitor Almada, informou que, em depoimento, os policiais alegaram ter ouvido disparos ao se aproximarem do carro e deduziram que vinham do veículo da família. Contudo, posteriormente, descobriram que se tratava de um grave equívoco.
A Direção-Geral da PRF afastou preventivamente os policiais envolvidos e abriu um procedimento interno para apuração. A Polícia Federal também instaurou um inquérito para apurar os fatos, realizou perícia no local e recolheu as armas dos agentes para análise técnica. Em nota, a PRF informou que sua Corregedoria-Geral, em Brasília, está acompanhando o caso de perto.
Histórico de violência em abordagens da PRF
O caso de Juliana soma-se a outros episódios trágicos envolvendo a PRF e o uso excessivo de força letal. Em setembro de 2023, Heloísa dos Santos Silva, de apenas 3 anos, foi morta por um disparo na cabeça enquanto o carro de sua família transitava pelo Arco Metropolitano, em Seropédica. Outro caso emblemático foi o de Anne Caroline Nascimento Silva, de 23 anos, morta em junho de 2023 em uma abordagem na mesma Rodovia Washington Luís.
Nota de lamento da ComCausa
A OSC ComCausa emitiu uma nota oficial manifestando pesar e indignação pelo caso de Juliana, ressaltando a urgência de revisar as práticas de segurança pública no Brasil.
“Mais uma vez, presenciamos um episódio de violência que atinge diretamente uma família brasileira, transformando um momento de celebração em dor e desespero”, destacou a nota.
A entidade reforçou a importância do recente decreto do governo federal que regula o uso da força policial, mas enfatizou que sem implementação rigorosa e responsabilização dos agentes, tragédias como essa continuarão a ocorrer.
Caminho para justiça e mudança
O caso de Juliana Rangel evidencia a necessidade de uma resposta firme do sistema judicial e do Estado, assegurando que ações policiais estejam em conformidade com protocolos que preservem vidas. Este episódio deve ser investigado com transparência e servir como catalisador para mudanças reais nas políticas de segurança pública.
Que Juliana não se torne apenas mais um número nas estatísticas de violência, mas um símbolo de que vidas importam e de que o uso da força policial deve ser sempre a última alternativa.
– Foto de capa ilustrativa.
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