Nascido em 8 de outubro de 1924, em Estrela, no Rio Grande do Sul, Dom Frei Aloísio Leo Arlindo Lorscheider, O.F.M., cresceu em uma família de descendentes de alemães. Desde cedo, ingressou no caminho religioso, iniciando seus estudos no seminário franciscano em 1934, aos 10 anos. Após concluir os estudos básicos e ginasiais em seminários locais, foi para o Noviciado em 1942, quando adotou o nome religioso de Frei Aloísio.
Ordenado sacerdote em 22 de agosto de 1948, Dom Lorscheider destacou-se pelo notável empenho acadêmico. Especializou-se em Teologia Dogmática no Pontifício Ateneu Antoniano, em Roma, onde recebeu a mais alta distinção acadêmica. De volta ao Brasil, lecionou latim, alemão e matemática em seminários e, mais tarde, teologia e espiritualidade franciscana. Sua trajetória acadêmica o levou a ser professor em Divinópolis, Minas Gerais, antes de ser convidado para lecionar em Roma novamente.
Em 1962, foi nomeado bispo da recém-criada Diocese de Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul. Seu lema episcopal, In Cruce Salus et Vita (Na Cruz, a Salvação e a Vida), refletia sua profunda devoção à fé cristã. Lorscheider participou ativamente do Concílio Vaticano II, onde foi eleito membro das comissões conciliares. A partir daí, começou a desempenhar um papel de liderança na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), sendo eleito secretário-geral e, depois, presidente.
Durante os anos de regime militar no Brasil, sua atuação à frente da CNBB foi marcada pela defesa dos direitos humanos e pela oposição à ditadura. Em 1970, foi preso pelo DOPS, o que gerou grande repercussão e reforçou a posição da Igreja em defesa das liberdades democráticas.
Cardinalato e Atuação Internacional
Nomeado cardeal em 1976 pelo Papa Paulo VI, Dom Lorscheider participou dos dois conclaves de 1978, que elegeram os papas João Paulo I e João Paulo II. Ele foi reconhecido por seu trabalho como presidente da Cáritas Internacional e do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM). Sua atuação humanitária e pastoral foi sempre marcada por um profundo compromisso com os mais vulneráveis, além de uma firme posição em favor da justiça social e da unidade cristã.
Acontecimentos Notáveis e Curiosidades
Dentre os episódios notáveis de sua vida, Dom Aloísio ficou conhecido por ter sido refém durante uma visita pastoral a um presídio em Fortaleza, em 1994. Durante o sequestro, que durou 20 horas, ele se manteve calmo e, posteriormente, chegou a lavar os pés dos sequestradores em um ato de perdão e reconciliação. Outro fato curioso foi sua citação no filme O Poderoso Chefão: Parte III, durante a votação do conclave de 1978.
Últimos Anos e Morte
Em 1995, devido a problemas de saúde, Dom Lorscheider pediu para ser transferido da Arquidiocese de Fortaleza para Aparecida, onde serviu até sua renúncia em 2004. Retirou-se para o Convento dos Franciscanos em Porto Alegre, onde passou seus últimos dias. Faleceu em 23 de dezembro de 2007, aos 83 anos.
Legado
Dom Frei Aloísio Lorscheider foi um dos mais influentes cardeais brasileiros do século XX, conhecido por sua humildade, coragem e profunda dedicação à justiça social. Seu legado permanece vivo não só em suas contribuições ao Concílio Vaticano II, mas também em seu trabalho incansável pela unidade cristã, pelos direitos humanos e pela construção de uma sociedade mais justa e fraterna.
Seus restos mortais foram inicialmente sepultados no Cemitério dos Franciscanos, mas posteriormente foram translados para as catedrais de Aparecida, Santo Ângelo e Fortaleza, simbolizando sua marcante passagem por cada uma dessas regiões.
| Projeto Comunicando ComCausa
| Portal C3 | Instagram C3 Oficial
______________
Compartilhe: