A madrugada de 8 de outubro de 2018 ficará marcada como um triste capítulo na história do Brasil. Romualdo Rosário da Costa, conhecido como Moa do Katendê, mestre de capoeira, músico e ativista cultural, foi brutalmente assassinado após uma discussão política em Salvador. Moa, que dedicou sua vida à preservação da cultura afro-brasileira e à promoção da paz, tornou-se uma das primeiras vítimas da violência política no país. Sua morte reflete um ambiente político envenenado por discursos de ódio, amplificados por figuras públicas que utilizam as redes sociais para incitar a violência.
A tragédia ocorreu em um contexto de crescente polarização, alimentada por políticos que adotam uma retórica recheada de racismo, misoginia, xenofobia, homofobia e intolerância religiosa. Sem conteúdo programático ou ações voltadas para o bem-estar público, essas figuras preferem utilizar a promoção da violência como estratégia de campanha, estimulando a agressividade entre seus seguidores. O assassinato de Moa do Katendê foi uma das primeiras manifestações extremas desse ambiente de ódio que permeia a política brasileira e continua a fazer vítimas.
Retórica de Ódio: Estopim para a violência
Nos últimos anos, o Brasil tem assistido à ascensão de políticos que utilizam a intolerância e a violência como ferramentas políticas. Discursos carregados de ataques pessoais, sexismo e preconceito racial, geralmente baseados em pânico moral e mentiras, tornaram-se comuns tanto nas redes sociais quanto nos espaços de poder, exacerbando divisões e incitando a hostilidade mútua.
As redes sociais, que poderiam ser um espaço de debate saudável e troca de ideias, têm sido usadas como armas para propagar discursos de ódio e intolerância. Políticos e influenciadores aproveitam essas plataformas para disseminar mentiras, incitar o medo e polarizar a sociedade. A busca por visibilidade a qualquer custo leva essas figuras a transformar a violência e o extremismo em ferramentas de autopromoção.
Um padrão emerge nas redes sociais como estratégia: primeiramente, é necessário ampliar o número de seguidores e o alcance; em seguida, obter visibilidade e atenção; e, por fim, vender o “produto”. Para alcançar essa visibilidade, muitos recorrem à promoção do ódio, à mentira, à escatologia e a qualquer ferramenta que desperte a violência. Essa estratégia de “venda” de uma imagem pública é usada, principalmente, por políticos cujo único objetivo é obter poder e influência, sem qualquer projeto público ou preocupação com o bem-estar das pessoas.
O que foi realizado em campanhas, como as para a prefeitura de São Paulo, promovidas por figuras que utilizam mentiras e alimentam a retórica da intolerância, abre caminho para novas tragédias. Ao usarem plataformas digitais para fomentar hostilidade, esses políticos criam um terreno fértil para que mais brutalidade, como o que resultou na morte de Moa do Katendê, se repitam, gerando um ciclo de mortes.
Famílias atingidas pelo ódio
A dor da família de Moa do Katendê ecoa entre muitas outras famílias que têm sido tragicamente atingidas por essa espiral de ódio que tomou conta do Brasil. Lares inteiros foram destruídos pela violência política e pelos discursos que dividem a população. A agonia dessas famílias é um reflexo cruel de uma sociedade que, ao se permitir ser conduzida pelo ódio, caminha para sua autodestruição.
Moa do Katendê foi uma das primeiras vítimas de um Brasil que flerta com o extremismo e a violência política. Sua morte deveria servir como um alerta urgente para que reflitamos sobre o caminho que estamos trilhando. A memória de Moa, que dedicou sua vida à cultura, à paz e à igualdade, nos convida a resistir contra o discurso de ódio e a lutar pela construção de um país mais justo e tolerante, onde divergências políticas não resultem em mais tragédias.
O assassino de Moa, o barbeiro Paulo Sérgio Ferreira de Santana, foi condenado a 22 anos e um mês de reclusão pelos treze golpes de faca que desferiu em Moa. Essa sentença, embora represente um marco de justiça, não apaga o trauma profundo nem o impacto devastador que sua ação causou, não apenas à família de Moa, mas também à de Paulo Sérgio. Enquanto isso, aqueles que alimentam o ódio continuam suas vidas públicas, perpetuando essa prática nefasta e irresponsável.
Que a morte de Moa do Katendê não seja em vão. Que sua história nos lembre do valor inestimável da empatia, do diálogo e da paz. E que, em nome de Moa e de todas as famílias que sofreram por essa violência, possamos nos unir para lutar por um Brasil livre da política do ódio.
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