Nos últimos dois anos, o Rio de Janeiro tem enfrentado uma crise no abastecimento de água marcada por rompimentos de adutoras, longos períodos sem fornecimento em diversos bairros e reajustes nas tarifas cobradas pelas concessionárias. Desde a privatização da Cedae em 2021, os problemas no sistema têm se intensificado, afetando diretamente a população e levantando questionamentos sobre a gestão e as condições das redes.
Entre 2023 e 2024, foram registrados pelo menos 15 rompimentos de adutoras em diferentes localidades do estado, como Nova Iguaçu, Rocha Miranda e Campo Grande. Esses eventos resultaram em alagamentos, destruição de casas, ferimentos e perdas materiais. Em Rocha Miranda, uma moradora de 79 anos perdeu sua casa em novembro de 2023 após o rompimento de uma tubulação.
Um estudo conduzido pela Fiocruz apontou que a instalação de válvulas de controle de pressão, introduzidas após a concessão do sistema, pode ter contribuído para os rompimentos devido à falta de adequação das redes ao novo modelo de operação.
Falta de água constante
Além dos rompimentos, algumas regiões do Rio convivem com a falta de água desde 2022. Bairros como Inhoaíba, na Zona Oeste, relatam dois anos de desabastecimento, obrigando moradores a recorrer a poços ou caminhões-pipa para suprir necessidades básicas.
Tarifas mais altas
Apesar das dificuldades enfrentadas pela população, as tarifas de água aumentaram em dezembro de 2024. O maior reajuste, de 14,28%, foi aplicado aos consumidores da concessionária Rio+Saneamento, que atende a Baixada Fluminense e parte da Zona Oeste. O aumento foi superior à inflação acumulada, gerando críticas da sociedade civil e de parlamentares.
Debate público e ações legislativas
Em 17 de dezembro de 2024, uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) discutiu os problemas no abastecimento de água. Liderada pelo deputado Jari Oliveira (PSB), presidente da Comissão de Saneamento Ambiental, a audiência abordou os rompimentos, a falta de água e os reajustes tarifários. Movimentos sociais também protestaram, defendendo a água como um bem comum e pedindo a instauração de uma CPI para investigar a privatização da Cedae.
Respostas das concessionárias
As empresas responsáveis pelo abastecimento, como Águas do Rio, Rio+Saneamento e Iguá, afirmaram estar realizando investimentos para modernizar as redes e implementar tecnologias de monitoramento. No entanto, os problemas persistem, e a população continua sofrendo com os impactos diretos.
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