A 10ª Cúpula de Presidentes dos Parlamentos do G20 (P20), realizada em Brasília entre os dias 7 e 8 de novembro de 2024, resultou em uma declaração final que reforça o compromisso de parlamentares em enfrentar desafios globais como fome, pobreza, desigualdade e mudanças climáticas, com foco na promoção de um desenvolvimento sustentável e inclusivo. O documento também destaca a importância de reformas na governança global, propondo mudanças significativas em instituições internacionais e no sistema financeiro.
O documento enfatiza a necessidade urgente de combater a desigualdade socioeconômica, propondo o desenvolvimento de instrumentos para garantir segurança alimentar, condições adequadas de trabalho, e acesso a recursos essenciais como água, saúde, educação e saneamento básico. A erradicação da pobreza é destacada como uma condição essencial para o desenvolvimento sustentável, com um apelo para aumentar a ajuda humanitária a países afetados por crises alimentares e garantir políticas de inclusão para grupos vulneráveis, como mulheres, meninas e pessoas com deficiência.
A luta contra a violência, assédio e discriminação, tanto online quanto offline, também é ressaltada, com um foco especial na proteção das mulheres e meninas em todos os âmbitos da vida. O texto ainda reforça a necessidade de ampliar a cobertura dos programas de proteção social e políticas públicas de inclusão.
Urgência nas questões climáticas e transição energética
Outro ponto central da declaração foi o compromisso com o combate às mudanças climáticas. O documento reafirma a urgência em limitar o aumento da temperatura global em 1,5°C, conforme estabelecido no Acordo de Paris de 2015. A importância do financiamento climático para apoiar países em desenvolvimento, especialmente no que se refere a adaptações e respostas ambientais, foi destacada.
A transição energética justa, com ênfase na promoção de energias renováveis e na proteção da biodiversidade, também aparece como prioridade. Os parlamentares do P20 instaram os governos a identificar formas de financiar essa transição de maneira equitativa e justa.
Reforma da governança global
A reforma do Conselho de Segurança da ONU foi um dos temas-chave do documento, refletindo uma demanda antiga do Brasil. Além disso, foram propostas mudanças na Organização Mundial do Comércio (OMC) para garantir regras previsíveis, sem discriminação e com foco no desenvolvimento sustentável. O texto também defende maior transparência nas práticas das instituições financeiras internacionais, incluindo alívio, reestruturação ou até mesmo o cancelamento de dívidas de países em desenvolvimento.
Inteligência Artificial e novas tecnologias
O uso de tecnologias digitais, como a inteligência artificial (IA), também foi abordado no documento. Os signatários destacaram o potencial da IA para reduzir a lacuna de produtividade entre países e promover o desenvolvimento sustentável, desde que seu uso seja ético, transparente e respeite os direitos humanos. A declaração pede que os governos e parlamentos adotem padrões internacionais para o uso de novas tecnologias, especialmente em contextos de conflitos armados, para assegurar o cumprimento do direito internacional humanitário.
Carta de Alagoas e a ampliação da participação feminina
A Carta de Alagoas, um documento resultante de um encontro de mulheres parlamentares realizado em julho de 2024, foi incorporada ao texto final do P20. A carta contém oito recomendações em três áreas prioritárias: justiça climática e desenvolvimento sustentável para mulheres e meninas, ampliação da representatividade feminina em espaços decisórios, e combate às desigualdades de gênero, com a promoção da autonomia econômica das mulheres.
Este anexo reforça a importância da inclusão das mulheres nas discussões e decisões que afetam o futuro do planeta, e recomenda que os próximos encontros do P20 continuem a ter um fórum dedicado à participação feminina.
Conclusão e próximas etapas
A declaração final do P20 será entregue durante a reunião de cúpula do G20, que ocorrerá no Rio de Janeiro nos dias 18 e 19 de novembro de 2024. A delegação da Argentina não assinou o documento, e a próxima edição do evento ocorrerá em 2025, na África do Sul. A presidente da União Interparlamentar, Tulia Ackson, e os presidentes do Senado e da Câmara, Rodrigo Pacheco e Arthur Lira, respectivamente, destacaram a necessidade de transformar os compromissos do documento em ações concretas, reforçando o papel fundamental dos parlamentos no enfrentamento das questões globais urgentes.
A declaração final reflete o compromisso dos parlamentares com um mundo mais justo e sustentável, destacando a importância de um esforço coletivo para garantir um futuro mais equitativo para todos.
Veja abaixo a agenda completa do G20 social
Dia 14 de novembro – VOZES
Museu do Amanhã (MdA), das 14h às 15h:
- Mesa de abertura:
- Márcio Macêdo, Ministro de Estado da Secretaria-Geral da Presidência da República
- Janja Lula da Silva, Primeira-dama do Brasil
- Embaixador Mauro Vieira, Ministro de Estado das Relações Exteriores
- Fernando Haddad, Ministro de Estado da Fazenda
- Margareth Menezes, Ministra de Estado da Cultura
- Morgan Ody, representante da Sociedade Civil Internacional
- Edna Rolland, Representante da Sociedade Civil Brasileira
Atividades autogestionadas: serão realizadas atividades autogestionadas no Museu do Amanhã, Armazém 2, Armazém 3, Armazém da Utopia e no Espaço Kobra das 9h às 13h e das 14h às 18h.
Dia 15 de novembro – EIXOS
Plenárias Temáticas: Armazém 3, das 9h às 12h
Combate à fome, pobreza e desigualdades (Plenária A – Sala aberta – 1.000 pessoas)
- Welington Dias, Ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome do Brasil
- Nosipho Nausca-Jean Jezile, Representante Permanente da África do Sul junto à FAO e Presidenta do Comitê de Segurança Alimentar (CSA)
- Ibrahima Coulibaly (Mali/União Africana), Presidente da Organização Pan-Africana de Agricultores (PAFO)
- Elisabeta Recine – Representante da Sociedade Civil Brasileira – Presidenta do CONSEA
Sustentabilidade, mudança do clima e transição justa (Plenária B – Sala aberta – 800 pessoas)
- Paulo Teixeira, Ministro do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar
- João Paulo Capobianco, Secretário-Executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil
- Laurence Tubiana (França), Economista e diplomata. Negociadora chefe do Acordo de PARIS
- Representante da APIB
- Adriana Marcolino, Representante da Sociedade Civil Brasileira – Diretora Técnica do DIEESE
Espaço Kobra, das 9h às 12h:
Plenária: Reforma da governança global (Plenária C – Sala aberta – 800 pessoas)
- Celso Amorim, Assessor-Chefe da Assessoria Especial do Presidente da República do Brasil
- Yildiz Temürtürkan (Turquia), Coordenadora Internacional da Marcha Mundial das Mulheres (MMM)
- Ha Joon Chang (Coreia do Sul), Economista, professor e autor do best-seller internacional Chutando a Escada
- Antonio Lisboa, Representante da Sociedade Civil Brasileira –Sindical Internacional (CSI)
Atividades autogestionadas: serão realizadas atividades autogestionadas no Museu do Amanhã, Armazém 2 e no Espaço Kobra das 14h às 18h.
Dia 16 de novembro – SÍNTESE E ENCERRAMENTO
Encerramento e Ato de Entrega do Documento Final
Armazém 3 – manhã – início às 9h: Plenária D – Sala aberta – 2.500 pessoas
MESA DE ENCERRAMENTO
- Márcio Macêdo, Ministro de Estado da Secretaria-Geral da Presidência da República
- Oliver Röpke, Representante da Sociedade Civil Internacional – Presidente do Comitê Econômico e Social Europeu (CESE)
- Mazé Morais, Representante da Sociedade Civil Nacional
Leitura e Aclamação da Declaração Final da Cúpula Social: várias vozes da sociedade civil brasileira e internacional
ATO DE ENTREGA DO DOCUMENTO FINAL
- Presidente Lula, Brasil
- Presidente Cyril Ramaphosa, África do Sul
- Geraldo Alckmin, vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços
- Márcio Macêdo, Ministro de Estado da Secretaria-Geral da Presidência da República
- Tawakkol Karman, Prêmio Nobel da Paz 2011, Representante da Sociedade Civil Internacional
- Ceres Hadich, Representante da Sociedade Civil do Brasil
Atividades autogestionadas: serão realizadas atividades autogestionadas no Museu do Amanhã das 14h às 18h.
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