Encontro no monumento do Cristo Redentor de Itaperuna por João Pedro

Itaperuna se une em ato emocionante pela memória de João Pedro Donadio

Na manhã do próximo sábado, dia 7 de junho de 2025, a cidade de Itaperuna, localizada na região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro, será novamente convocada a refletir sobre dor, negligência e justiça. Às 9 horas, aos pés do monumento do Cristo Redentor, um dos principais símbolos da cidade, será realizada uma roda de conversa seguida de um ato público em memória de João Pedro Donadio, menino de apenas 11 anos que faleceu tragicamente em maio de 2020, após sofrer um choque elétrico dentro de uma loja de roupas no centro comercial da cidade. A data não foi escolhida ao acaso: o dia 6 de junho marca o aniversário de nascimento de João Pedro, e, por decisão de seus familiares, será transformado em um marco de resistência, de apelo à consciência social e de exigência por reparação e dignidade.

A atividade será organizada por um coletivo de pessoas que pedem justiça no caso e com o apoio da ComCausa Defesa da Vida, organização de direitos humanos que há vários anos atua em todo o território fluminense na luta contra violações, violência institucional e processos de revitimização. A entidade auxiliará com a montagem de uma barraca de apoio no local, acolhimento aos participantes, mediação dos diálogos e articulação junto às redes de mobilização e comunicação. O objetivo do encontro é oferecer à população um espaço simbólico e concreto para o compartilhamento da dor, o fortalecimento das redes de solidariedade e a construção de estratégias contra os processos de revitimização judicial que penalizam as vítimas e protegem estruturas de negligência e omissão.

Cinco anos após a tragédia que abalou Itaperuna e comoveu o país, a família de João Pedro segue em uma luta intensa não apenas pela memória e justiça em relação à morte do menino, mas também contra o agravamento institucional da dor: em uma decisão recente, a mãe da criança foi condenada judicialmente a indenizar os proprietários da loja onde ocorreu o acidente. A sentença, considerada por diversas entidades jurídicas e de direitos humanos como absurda e cruel, reforça um padrão recorrente de responsabilização invertida, no qual vítimas ou seus familiares acabam sendo punidos pelas consequências da própria negligência de terceiros.

Diante desse cenário, a roda de conversa será dividida em três eixos centrais. No primeiro momento, será realizado o resgate da memória de João Pedro, com depoimentos sobre o ocorrido, os impactos emocionais, familiares e comunitários da tragédia, e reflexões sobre a importância de manter viva a história das vítimas como ferramenta de luta e transformação social. O segundo bloco será voltado à análise da situação jurídica atual, com explicações sobre os processos em andamento nas esferas cível e criminal, os obstáculos enfrentados pela família e a necessidade de discutir os limites éticos e institucionais da atuação do Judiciário. Por fim, o terceiro momento será dedicado ao acolhimento, à escuta coletiva e à construção de redes de apoio e resistência, buscando valorizar a solidariedade ativa como um antídoto à indiferença institucional.

Entre os convidados confirmados estão Adriano Dias, jornalista, fundador da ComCausa e ativista com mais de três décadas de atuação em casos emblemáticos de violência de Estado e defesa dos direitos humanos, e Valdo Tavares, advogado e presidente da Comissão Especial de Segurança Pública da OAB de Nova Iguaçu, reconhecido nacionalmente por seu trabalho em defesa de vítimas da violência institucional e pela promoção de políticas públicas de responsabilização e reparação.
Para a ComCausa, o caso de João Pedro evidencia a necessidade urgente de repensar o funcionamento das instituições públicas diante de tragédias evitáveis. “A dor pela perda de um filho já é uma ferida incurável. Quando o Estado transforma essa dor em culpa, penalizando uma mãe que deveria estar sendo protegida, estamos diante de uma violência secundária, institucional, que precisa ser denunciada e combatida com firmeza. João Pedro se tornou um símbolo daquilo que não pode mais se repetir”, afirma Adriano Dias.

O local do evento — o monumento do Cristo Redentor de Itaperuna, situado em uma colina que permite a visão panorâmica da cidade — foi escolhido não apenas por seu valor simbólico, mas por representar um espaço de paz, acolhimento e visibilidade. A imagem do Cristo, com os braços abertos sobre a cidade, dialoga diretamente com os propósitos do encontro: abraçar a dor, transformar a ausência em presença e fazer da fé um instrumento de justiça e resistência. Ao se reunir neste ponto elevado da cidade, a família de João Pedro convida toda Itaperuna e o Brasil a se unirem em torno da memória de uma criança e do clamor por um sistema mais justo e humano.

Serviço:
Data: Sábado, 7 de junho de 2025
Horário: 9h
Local: Monumento do Cristo Redentor – Itaperuna (RJ)
Atividade: Roda de Conversa “Memória, Justiça e Acolhimento – O Caso João Pedro e a Luta Contra a Revitimização Judicial”
Apoio: ComCausa – Defesa da Vida

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