Escravizados que reflorestaram a Floresta da Tijuca têm nomes incluídos no Livro dos Heróis e Heroínas Rio

Monumento aos Escravos que Replantaram o Maciço da Tijuca - (Floresta da Tijuca)

Onze pessoas escravizadas que participaram do primeiro grande projeto de reflorestamento da história do Brasil, durante o Segundo Império, tiveram seus nomes incluídos no Livro dos Heróis e Heroínas do Estado do Rio de Janeiro. A homenagem reconhece a importância do trabalho dessas pessoas na recuperação ambiental da Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro, e foi aprovada por unanimidade na Assembleia Legislativa do Estado (Alerj) a partir de um projeto de lei da deputada estadual Dani Monteiro.

A inclusão só foi possível após uma emenda autorizar a entrada de nomes sem sobrenomes, respeitando o contexto histórico do Brasil escravocrata, no qual essas pessoas eram privadas de sua identidade civil. O livro, que tem caráter simbólico e não possui versão impressa, já homenageou figuras como Tiradentes, Dom Helder Câmara e a doutora Nise da Silveira. Os nomes agora registrados são: Eleutério, Constantino, Manoel, Mateus, Leopoldo, Maria, Sabino, Macário, Clemente, Antônio e Francisco.

O trabalho realizado por essas pessoas escravizadas começou em 1862, quando o Rio de Janeiro enfrentava uma grave crise hídrica causada pela devastação de florestas para o cultivo de café. Apoiado por Dom Pedro II e liderado pelo Barão de Bom Retiro, o reflorestamento foi a solução encontrada para evitar o colapso no abastecimento de água. Em condições extremas, com instrumentos rudimentares e sob calor intenso, os onze trabalhadores plantaram aproximadamente 185 mil árvores, o equivalente a uma área de quase 600 campos de futebol.

Segundo o pesquisador Gabriel Sales, professor de biologia da PUC-Rio, o serviço exigia conhecimento detalhado do ecossistema da Mata Atlântica. Os escravizados preparavam o solo, abriam clareiras, cuidavam das mudas e compreendiam a dinâmica da floresta. Atualmente, cerca de 14% da área do Parque Nacional da Tijuca corresponde à região plantada por eles. Especialistas estimam que, sem esse reflorestamento, a temperatura média do Rio seria de 4 a 6 graus mais alta. O legado dessas pessoas permanece vivo nas árvores que ajudaram a cultivar e na história ambiental e social do Brasil.

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