Feijoada solidária na Pavuna fortalece a fé e a resistência frente à intolerância religiosa

Feijoada solidária na Pavuna fortalece a fé e a resistência frente à intolerância religiosa - Arquivo ComCausa

No último dia 23 de abril, feriado de São Jorge, a Pavuna foi cenário de um poderoso ato de fé, cultura e solidariedade. Em sua 8ª edição, a tradicional Feijoada do Quiosque do Galo reuniu centenas de pessoas na Zona Norte do Rio de Janeiro, transformando a celebração do santo guerreiro em uma manifestação de resistência contra a intolerância religiosa.

A edição deste ano teve um propósito ainda mais urgente: arrecadar fundos para a reconstrução do terreiro Ilê Asé Oya Osun Nidê, em Nova Iguaçu, completamente destruído por um incêndio criminoso ocorrido no início do mês.

O evento contou com a presença de apoiadores do terreiro, representantes de movimentos sociais, lideranças religiosas e instituições de defesa dos direitos humanos. Entre os presentes, destacaram-se Frei Tatá, da Pastoral Afro, e Adriano Dias, da ComCausa, organização que atua na promoção da liberdade de crença e do respeito à diversidade religiosa.

Mãe Neila, Iyalorixá do Ilê Asé Oya Osun Nidê, declarou seu agradecimento: “Essa feijoada é mais do que um momento de encontro comunitário. É nossa resposta ao preconceito e à intolerância que ainda persistem. Juntos, mostramos nossa força e nossa dignidade.” Já Frei Tatá também ressaltou a importância da mobilização: “Precisamos reafirmar, sempre, o nosso direito à liberdade religiosa e à preservação das tradições afro-brasileiras.” A renda da feijoada será integralmente revertida para a reconstrução do Ilê Asé Oya Osun Nidê.

Ataque criminoso em Nova Iguaçu

Na noite de 9 de abril, por volta das 19h, o terreiro Ilê Asé Oya Osun Nidê foi invadido e incendiado. Localizado na Baixada Fluminense, o espaço de culto estava vazio no momento do ataque, o que evitou vítimas, mas o prejuízo material foi total. A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) investiga o caso como crime de intolerância religiosa.

Segundo Mãe Neila, o incêndio consumiu completamente o terreiro, destruindo eletrodomésticos, móveis, roupas de santo, utensílios rituais e um enxoval recém-comprado. O teto desabou parcialmente e as paredes foram comprometidas, exigindo uma reconstrução do zero.

Caminhada em São João de Meriti: o combate segue

Além do apoio financeiro, a luta contra a intolerância religiosa também toma as ruas. No próximo dia 25 de maio, será realizada a 1ª Caminhada Meriti Contra a Intolerância Religiosa, promovida por coletivos culturais, religiosos e sociais. Com o lema “Um encontro de Amor, Diálogo, Diversidade e Respeito”, o ato convida a população a vestir branco ou trajes de suas tradições religiosas, promovendo uma manifestação de paz e respeito à pluralidade espiritual.

Resistência cultural e espiritual na Baixada Fluminense

A Feijoada da Pavuna e a Caminhada de São João de Meriti representam mais do que eventos simbólicos: são marcos de uma resistência viva e organizada. Em meio à violência e ao preconceito, as comunidades religiosas da Baixada Fluminense têm se mobilizado com coragem, fé e solidariedade, reafirmando o direito à liberdade de crença e ao culto de suas tradições.

Essas ações formam uma rede de apoio e proteção aos territórios religiosos, promovendo o reconhecimento das raízes afro-brasileiras e impulsionando a construção de um Brasil mais justo, diverso e acolhedor.

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