Ato público em memória de João Pedro Donadio será realizado neste sábado em Itaperuna

Há cinco anos, a cidade de Itaperuna, no Noroeste Fluminense, foi marcada por uma tragédia que chocou o Brasil: a morte de João Pedro Donadio, de apenas 11 anos, vítima de um choque elétrico dentro de uma loja de roupas no centro da cidade. Nesta sexta-feira (26), familiares, amigos, moradores e ativistas se reuniram em um ato emocionante para homenagear o menino e exigir justiça, em um caso que segue gerando indignação devido a uma decisão judicial que condenou a mãe de João Pedro a pagar R$ 386 mil aos donos do estabelecimento onde ocorreu o acidente.

O ato, que será realizado em frente ao local do acidente, reuniu dezenas de pessoas com faixas, fotos e velas, em um protesto contra o que chamam de “reviitimização” da família. A sentença da 2ª Vara Cível de Itaperuna, que responsabilizou Eliane Amancio de Melo por danos morais devido a publicações nas redes sociais sobre o caso, foi amplamente criticada por entidades de direitos humanos.

“O que acontece em Itaperuna é mais um retrato da perversidade institucional: além da dor da perda, a família de João Pedro é punida por buscar justiça”, afirmou Adriano Dias, da ONG ComCausa, presente no ato. A defesa de Eliane recorreu da decisão, argumentando que a ação judicial é uma tentativa de silenciar uma mãe que apenas busca responsabilização pela morte do filho.

O andamento do caso

Enquanto a ação cível contra Eliane aguarda julgamento de recurso, o processo criminal contra a proprietária da loja ainda tramita na Justiça. O Ministério Público pede a reclassificação do crime para homicídio com dolo eventual (quando o autor assume o risco de um resultado fatal) e aguarda uma nova perícia técnica.

A família e os apoiadores afirmam que a loja não tinha a segurança necessária para evitar o acidente e que a condenação de Eliane é um ataque à liberdade de expressão de uma mãe enlutada.

Memória viva, luta permanente

O caso de João Pedro virou símbolo da busca por justiça em acidentes evitáveis e da resistência contra decisões judiciais vistas como abusivas. Movimentos sociais e a comunidade local prometem manter a pressão para que o menino não seja esquecido e para que a família receba o apoio que merece.

Enquanto a Justiça não dá uma resposta definitiva, a voz de João Pedro ecoa nas ruas de Itaperuna, através de quem se recusa a deixar que sua história termine em silêncio.