Existe a possibilidade de adiamento do julgamento dos réus acusados pelo assassinato de Lucas Vargas Terra, devido à solicitação da defesa para a digitalização de um processo relacionado ao caso, que já se estende por mais de 22 anos.
O júri popular dos pastores Fernando Aparecido da Silva e Joel Macedo, inicialmente marcado para o dia 25 de abril, deve ser realizado no Fórum Ruy Barbosa, situado em Salvador, na Bahia. Mas uma manobra dos advogados dos acusados, que estão em liberdade, pode mais uma vez, adiar o julgamento.
Caso ocorra o adiamento, Marion Terra, mãe de Lucas, assegura que continuará lutando por justiça. Os advogados da família também buscou autorização para a gravação do julgamento, porém, essa medida foi negada pela justiça baiana.
“Eles estão com medo de enfrentar o júri popular, porque sabem que a sociedade não vai compactuar com essa monstruosidade que fizeram com o meu filho. Mas se o Tribunal acatar o pedido deles, eu não vou desistir! Irei ao Supremo Tribunal Federal (STF), vou aos tribunais internacionais, se for preciso, mas não vou parar enquanto a justiça não for feita”, desabafou a mãe de Lugar Terra, Marion Terra, ao Jornal Bahiano Correio 24 Horas.
O crime ocorreu em março de 2001, dentro de um templo da Igreja Universal do Reino de Deus em Salvador. Lucas tinha 14 anos e foi torturado e violentado antes de ser queimado vivo.
“Eles estão com medo de enfrentar o júri popular, porque sabem que a sociedade não vai compactuar com essa monstruosidade que fizeram com o meu filho. Mas se o Tribunal acatar o pedido deles, eu não vou desistir! Irei ao Supremo Tribunal Federal (STF), vou aos tribunais internacionais, se for preciso, mas não vou parar enquanto a justiça não for feita”, desabafou a mãe de Lugar Terra, Marion Terra.
Relembre o caso
Lucas Terra frequentava a Igreja Universal do Reino de Deus no bairro Rio Vermelho antes de ser encontrado morto, com o corpo carbonizado, em um terreno baldio na Avenida Vasco da Gama. Na época, o principal suspeito foi o pastor da Universal, Sílvio Roberto Galiza, que havia sido afastado da igreja por ser flagrado dormindo ao lado de adolescentes frequentadores do templo.
Após investigações, concluiu-se que Galiza abusou sexualmente de Lucas Terra e o queimou vivo, descartando o corpo para encobrir o crime. Em 2004, o pastor foi condenado a 23 anos e 5 meses de prisão, mas a pena foi reduzida para 15 anos após recursos, e atualmente ele vive em liberdade.
No entanto, em 2006, uma nova versão surgiu. Galiza delatou os pastores Fernando Aparecido da Silva e Joel Miranda, alegando que eles foram flagrados em um ato sexual pelo adolescente e que Lucas Terra foi assassinado em consequência disso.
Com base na delação, o Ministério Público da Bahia denunciou Fernando Aparecido e Joel Miranda como corresponsáveis pelo homicídio, levando à decisão do Supremo Tribunal Federal de que os dois pastores deveriam ir a júri popular.
O novo julgamento está marcado para às 8h do dia 25 de abril no Fórum Ruy Barbosa, em Salvador. Caso ocorra, será presidido pela juíza Andrea Teixeira Lima Sarmento Netto e contará com um júri de 29 membros. Os promotores Ariomar José Figueiredo da Silva e Davi Gallo representarão o Ministério Público da Bahia (MP-BA) na acusação contra os pastores. A defesa dos pastores ficará a cargo dos advogados Nestor Nerton Fernandes Tavora Neto e Nelson da Costa Barreto Neto.