Menina de 12 anos morre atingida por bala perdida em São João de Meriti

Nicole Morais da Silva, de 12 anos, foi comprar um refrigerante no bar com a mãe, quando ambas foram alvejadas — Foto Divulgação

Uma tragédia marcou a manhã desta quinta-feira (16) na comunidade Buraco Quente, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Nicole Morais da Silva, de 12 anos, foi atingida no peito por uma bala perdida enquanto acompanhava a mãe, Cláudia Morais, para comprar um refrigerante. Cláudia também foi baleada na perna, mas sobreviveu.

Segundo familiares, a menina e a mãe saíram de casa pouco antes do almoço quando se depararam com um intenso tiroteio. Testemunhas afirmam que policiais militares entraram na comunidade e, ao se depararem com traficantes, abriram fogo. Já a Polícia Militar, em nota enviada ao g1, afirmou que agentes foram verificar a presença de um indivíduo suspeito em uma motocicleta roubada, além de um possível esconderijo de armas e drogas na região. A corporação afirma que os militares foram atacados por disparos vindos de dentro da comunidade e que houve confronto.

No entanto, a família da menina contesta essa versão e alega que a ação dos agentes foi precipitada, colocando em risco moradores inocentes.

Demora no socorro e morte diante da mãe

A família de Nicole também denuncia que houve demora no socorro às vítimas. Segundo parentes, os policiais envolvidos na ação não prestaram atendimento imediato. Cláudia teria aguardado por cerca de uma hora antes de ser resgatada por uma ambulância, enquanto Nicole não resistiu aos ferimentos e morreu no local, na frente da mãe.

No comunicado oficial, a Polícia Militar não mencionou essa acusação e afirmou que as vítimas foram socorridas por populares e pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).

As duas foram levadas inicialmente para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Vilar dos Teles e, em seguida, transferidas para o Hospital Municipal de São João de Meriti. Cláudia foi internada no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, onde se encontra em estado estável. O corpo de Nicole foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) de Duque de Caxias.

Investigações e repercussão

A ação policial resultou na prisão de um homem em posse de uma motocicleta roubada. A ocorrência foi inicialmente registrada na 54ª DP (Belford Roxo), mas foi transferida para a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), que ficará responsável pelas investigações.

O comando do 21º BPM informou que instaurou um procedimento interno para apurar as circunstâncias do caso. No entanto, moradores da comunidade denunciam a frequência de operações policiais com tiroteios em áreas residenciais, aumentando o risco para quem vive na região.

Dor e indignação da família

A morte de Nicole gerou revolta entre parentes, amigos e vizinhos. Familiares afirmam que a menina era alegre, estudiosa e cheia de sonhos. A mãe, ainda em choque, declarou que jamais imaginaria que um simples passeio para comprar um refrigerante acabaria em tragédia.

“Ela só queria ajudar a preparar o almoço. Foi um tiro que acabou com tudo. Minha filha morreu na minha frente e eu não pude fazer nada”, lamentou Cláudia.

Nas redes sociais, ativistas dos direitos humanos, organizações civis e figuras públicas manifestaram indignação com a violência policial e a falta de segurança na Baixada Fluminense.

Violência na Baixada: um problema recorrente

O caso de Nicole é mais um episódio da escalada da violência na Baixada Fluminense, onde moradores frequentemente se veem no meio de confrontos entre forças policiais e criminosos. Segundo dados do Instituto Fogo Cruzado, São João de Meriti é uma das cidades com maior incidência de mortes por balas perdidas no estado do Rio de Janeiro.

O caso reacende o debate sobre a necessidade de revisão dos protocolos de segurança pública, visando evitar tragédias como essa. Organizações de direitos humanos e a sociedade civil exigem respostas das autoridades e medidas concretas para evitar que outras famílias passem pela mesma dor.

A morte de Nicole Morais da Silva não pode ser apenas mais um número nas estatísticas. Sua família, assim como tantas outras na Baixada, clama por justiça.

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