No dia 14 de dezembro de 1946, nascia em Minas Gerais Hebert Daniel, o revolucionário gay, como ficou conhecido por sua importante luta contra a ditadura militar no Brasil e a homofobia.
Herbert foi um quadro importante na luta armada contra a ditadura de 1964 e no processo de redemocratização do Brasil. Estudante de medicina na UFMG, companheiro de militância de Dilma, se engajou em grupos guerrilheiros ainda no final da década de 1960. Esteve na linha de frente de assaltos a bancos e dos sequestros de diplomatas estrangeiros que garantiram a soltura de mais de uma centena de presos políticos que corriam risco de morte.
Na militância clandestina, Herbert descobriu e assumiu sua homossexualidade. De um lado, ele se encontrava acossado pela violência de uma ditadura moralizante e LGBTfóbica; de outro, não era aceito por parte dos seus companheiros de guerrilha. Para muitos setores das esquerdas naquele momento, a homossexualidade era vista como um desvio pequeno-burguês, uma degeneração, uma fraqueza moral, um desbunde de minorias improdutivas, em suma, um “pequeno drama da humanidade” que dividiria a “luta maior”.
Herbert teve então que “esquecer sua homossexualidade” para “fazer a revolução”. Tanto se dedicou que seu rosto chegou a estampar os cartazes dos “subversivos” mais procurados pelo regime autoritário. No entanto, mesmo com o cerco crescente e o extermínio físico da luta armada, ele conseguiu escapar da prisão e das torturas, exilando-se em 1974 em Portugal e, depois, na França. No exterior, contraiu HIV e se tornou, ao retornar ao Brasil como o último dos anistiados, um ativista fundamental pelos direitos das pessoas vivendo com HIV e AIDS.
No fim da década de 1980, Herbert Daniel percebeu que a aids não seria uma doença restrita ao meio médico. No livro A Síndrome do Preconceito, ele escreveu: “Além das informações médicas, existem outras, sociais e políticas, absolutamente imprescindíveis para a compreensão da aids…”.
Morto em 1992, Herbert foi um revolucionário gay que desafiou tanto a ditadura de direita quanto setores de esquerda que reproduziam a heteronormatividade. Passou pelo Partido dos Trabalhadores e fundou o Partido Verde, sempre atuando pelos direitos dos homossexuais, pela ecologia e pelas lutas das mulheres e negros.
Fonte com acréscimos: Fundação Verde Hebert Daniel
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