Roda de Saberes com a etnia Fulni-ô celebra cultura indígena em São João de Meriti

Aniversário de São João de Meriti

No próximo dia 21 de abril, às 14h, será realizada uma Roda de Saberes com a etnia Fulni-ô, no bairro Grande Rio, em São João de Meriti, no Rio de Janeiro. O evento é aberto ao público e será uma oportunidade única para honrar os povos indígenas e suas culturas, promovendo um espaço de diálogo e intercâmbio de saberes ancestrais. A atividade contará com apresentações de dança, cânticos e a exposição de artesanato indígena, proporcionando aos participantes uma imersão nas tradições e expressões culturais dessa importante etnia. Além disso, terá a participação de movimentos sociais, entre eles a ComCausa, reforçando a importância da união entre comunidades e lutas sociais.

A Roda de Saberes acontecerá na Rua Milton 710, LT 15 QD 36, com referência na rua da Vila Olímpica, sentido linha do trem. O evento tem como objetivo fortalecer a luta pelo reconhecimento e valorização dos povos indígenas, que têm sido fundamentais na preservação de conhecimentos e práticas ancestrais. A ação também reforça a importância da educação cultural, oferecendo aos presentes uma chance de conhecer e compreender melhor as tradições e modos de vida dos povos originários.

A iniciativa será realizada por diversas organizações e grupos, com o apoio de instituições comprometidas com a valorização e preservação das culturas indígenas e afro-brasileiras. O evento é uma celebração do Dia do Índio, comemorado em 19 de abril, e se insere na programação de ações que visam fortalecer a visibilidade e os direitos dos povos indígenas no Brasil.

Além de ser uma grande oportunidade de aprendizado e conexão com as raízes culturais do país, a Roda de Saberes com a etnia Fulni-ô também representa uma forma de resistência e afirmação de identidade, promovendo um ambiente de respeito e troca entre as diversas culturas que compõem o Brasil. Este evento promete ser um marco na luta pela igualdade e pelo reconhecimento dos povos indígenas, e todos estão convidados a participar e celebrar com a comunidade.

A resistência cultural dos Fulni-ô: preservação da língua, rituais e identidade indígena

A tribo Fulni-ô é um povo indígena que habita principalmente o município de Águas Belas, em Pernambuco, e é uma das poucas etnias do Brasil que conseguiu manter sua língua nativa, o iatê, também chamado de yathê. Este grupo indígena é um dos mais antigos do Nordeste brasileiro e tem resistido ao longo dos séculos, preservando suas tradições e cultura em meio a pressões externas, como o avanço da colonização e as tentativas de assimilação forçada.

Os Fulni-ô são conhecidos por sua rica herança cultural, que inclui o uso da língua iatê, um isolado linguístico, ou seja, uma língua que não pertence a nenhuma família linguística conhecida. Esse aspecto linguístico é um símbolo de resistência e é considerado fundamental para a preservação da identidade cultural do povo Fulni-ô. A comunidade também mantém um ritual religioso fundamental para sua espiritualidade, o Ouricuri. Esse ritual é realizado em segredo e envolve práticas religiosas sagradas, além de ser um momento de grande importância para a coesão do grupo. Durante o Ouricuri, os membros da tribo se retiram coletivamente para um período de três meses, dedicados à prática da sua fé e ao fortalecimento dos laços espirituais e culturais.

Historicamente, os Fulni-ô foram conhecidos como “Carnijós” no século XVIII, e acredita-se que sua aldeia tenha se formado a partir da fusão de diversos grupos étnicos. Com o tempo, o nome Fulni-ô foi adotado, que significa “povo da beira do rio”, refletindo sua relação com o ambiente natural ao redor. Ao longo dos anos, esse povo conseguiu resistir a várias tentativas de assimilação, tanto do ponto de vista cultural quanto linguístico. Hoje, o iatê é um símbolo de resistência cultural que os Fulni-ô mantêm com muito orgulho, sendo um dos poucos povos indígenas do Brasil a preservar sua língua de forma tão firme.

Além de sua terra tradicional em Pernambuco, alguns Fulni-ô migraram para outras regiões, como Brasília, onde estabeleceram o Santuário dos Pajés. Este local tem grande importância espiritual e cultural para a comunidade, sendo um centro de resistência e preservação cultural. Líderes como o pajé Santxiê Tapuya desempenharam papéis cruciais na luta pela demarcação de terras indígenas e pela defesa dos direitos da etnia, tornando-se símbolos dessa resistência. Atualmente, os Fulni-ô continuam a promover sua cultura por meio de apresentações artísticas, como danças, cânticos e exposições de artesanato, além de trabalhar para garantir o reconhecimento e a preservação de seus direitos culturais e territoriais.

A preservação da cultura Fulni-ô é uma demonstração do poder da resistência e da força de um povo que, apesar de todos os desafios enfrentados ao longo da história, segue firme em sua identidade e tradições. Atribuindo grande valor à sua espiritualidade e à manutenção de seus saberes ancestrais, a tribo continua sendo um exemplo de luta pela valorização e reconhecimento dos povos indígenas no Brasil.

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