O Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) aprovou o tombamento provisório do Terreiro da Gomeia, situado em Duque de Caxias, Rio de Janeiro. Com essa decisão, o local, que é marcado pela influência do sacerdote Joãozinho da Gomeia (1914-1971), figura proeminente do candomblé, agora faz parte da lista de bens culturais e históricos do estado.
O tombamento foi recebido com celebração por parte de Mãe Seci Caxi, herdeira espiritual de Joãozinho da Gomeia. Originária da Bahia, Mãe Seci planeja estabelecer um memorial em homenagem ao sacerdote no terreno, localizado na Rua Prefeito Braulino de Matos Reis, 360. O projeto inclui a criação de um espaço de convivência, recuperação ambiental e estrutura para eventos e cursos, abertos à comunidade.
“Luto há quase 20 anos por esse tombamento, que ganhou força com apoios que recebemos de diversas partes. Fico muito feliz porque o tombamento dará condições de restaurarmos a casa e construirmos o memorial”, revela Mãe Seci Caxi, que busca recursos públicos para concretizar o projeto.
A decisão do Inepac também recebeu elogios da pesquisadora Adriana Batalha, cuja tese de doutorado em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF) foi fundamentada na vida do líder religioso. Batalha enfatiza a importância da preservação do Terreiro da Gomeia, destacando seu papel na história da Baixada Fluminense e na luta contra a intolerância religiosa.
Além disso, a influência de Joãozinho da Gomeia, tema do enredo da Acadêmicos do Grande Rio em 2020, foi estudada pela pesquisadora Andrea Mendes, que elaborou um trabalho de mestrado na Unicamp sobre o assunto. Mendes destaca a habilidade de Joãozinho em integrar influências africanas às práticas culturais, contribuindo para popularizar o candomblé.
O diretor do Inepac, Cláudio Elias, ressaltou que a decisão de tombar o Terreiro da Gomeia atende a uma demanda de seguidores e estudiosos, baseada em aspectos técnicos que justificam a medida.
Por sua vez, a secretária de Estado de Cultura e Economia Criativa, Danielle Barros, enfatizou a importância cultural do tombamento, expressando a expectativa de que a preservação do local resulte em uma ocupação condizente com sua relevância histórica e cultural.