Xica Manicongo considerada a primeira travesti negra brasileira

Xica Manicongo considerada a primeira travesti negra brasileira

Francisco Manicongo, também conhecido como Francisco de Congo, foi um escravo africano que viveu em Salvador da Bahia durante a segunda metade do século XVI. Originário do Reino do Congo, Francisco tornou-se uma figura histórica significativa, especialmente dentro da comunidade LGBT, após ser identificado pelo antropólogo e ativista Luiz Mott como um dos primeiros casos documentados de homossexualidade entre africanos.

Mott revelou que Francisco foi acusado de se vestir e se comportar como um imbanda, termo usado para descrever homossexuais passivos na tradição do Congo. Esse caso ganhou notoriedade a partir dos anos 1990, quando Mott divulgou a história, ressaltando a coragem de Francisco em uma época de intensa repressão.

A trajetória de Francisco ganhou um novo capítulo na década de 2000, quando a ativista travesti negra Majorie Marchi o reinventou como “Xica Manicongo”. Adotando este nome social, Xica se tornou um ícone para a comunidade LGBT no Brasil. Em 2010, Marchi, então presidente da ASTRA-Rio (Associação de Travestis e Transexuais do Rio de Janeiro), instituiu o Prêmio Xica Manicongo, destinado a reconhecer iniciativas em prol dos direitos humanos e da cidadania de travestis e pessoas trans.

A homenagem continuou em 2021, quando um quilombo urbano no Rio de Janeiro foi batizado como “Xica Manicongo”, celebrando a importância da figura histórica recriada por Marchi. Em 2018, a estilista baiana Isaac Silva lançou uma coleção de moda inspirada em Xica Manicongo, fortalecendo ainda mais seu legado cultural.

O impacto de Xica Manicongo continuará a ser celebrado no carnaval de 2025, quando será tema do enredo da escola de samba Paraíso do Tuiuti, perpetuando a memória de Francisco e a luta pela visibilidade e direitos da comunidade LGBT no Brasil.

Editoria Virtuo Comunicação

Projeto Comunicando ComCausa

Portal C3 | Instagram C3 Oficial