Atentado em Brasília: Da nascente até o mar da violência

Francisco Wanderley Luiz Foto Gabriela Biló Folhapress
A violência, em todas as suas formas, tem se tornado cada vez mais comum, alimentando um ciclo brutal que se intensifica na última década. O ódio e a intolerância cresceram de forma alarmante em um processo de normalização que começa de maneira sutil. Pequenas violências tornam-se invisíveis, permitindo que atitudes agressivas se multipliquem. Em uma sociedade que se acostuma a esses sinais, a violência passa a ser aceita e até justificada, criando um ambiente fértil para a tragédia. O discurso de ódio, amplificado pelas redes sociais e pela polarização política, penetra nas esferas sociais, impulsionado por figuras públicas e líderes que, ao camuflarem preconceitos e agressões como “liberdade de expressão”, promovem a aceitação de discursos hostis contra minorias, dissidentes e vulneráveis. Esse processo de normalização não age isoladamente; é frequentemente impulsionado por discursos violentos e mentiras que circulam nas redes sociais e nos ambientes políticos, como ficou evidente na última campanha para a prefeitura de São Paulo, aprofundando divisões e desumanizando o “outro”. O ódio se tornou, assim, um instrumento de poder. Nesta quarta-feira, em Brasília, a ação de Francisco Wanderley Luiz, que acionou artefatos explosivos em frente ao Supremo Tribunal Federal e no estacionamento da Câmara dos Deputados, destaca o perigo de uma sociedade onde o ódio, usado como instrumento político, se torna combustível para o terror e a morte. Isso exige uma reflexão sobre o impacto da normalização de discursos e atitudes que podem se transformar em tragédias reais. Entretanto, apontar simplesmente pessoas, como o ex-presidente Bolsonaro, como um dos responsáveis seria valorizar demais sua relevância. Apesar de ele mesmo já ter recorrido a uma tentativa de atentado a bomba contra seus pares no Exército. Temos de consideraria uma série de contextos históricos, antigos e contemporâneos. Lembremos das bombas colocadas e dos incêndios em jornais por agentes ligados à ditadura militar, do atentado na OAB do Rio, na Catedral da Diocese de Nova Iguaçu, do planejamento da explosão do gasômetro por integrantes da Aeronáutica no Caso Para-Sar, da explosão do Fusca do bispo Dom Adriano em frente à CNBB e, em um dos casos mais emblemáticos, do atentado a bomba no Puma no Riocentro, no Dia do Trabalhador, entre outros. Esse episódio recente é mais uma materialização de um processo que transforma o ódio e a violência em “opções” para a expressão de insatisfações políticas, evidenciando o quanto essa normalização pode tornar ações extremas em realidades concretas. A banalização da violência e do ódio corrói a confiança e o respeito entre as pessoas, criando uma cultura de medo e impunidade. A normalização do ódio é um processo invisível e devastador, responsável por tragédias como o recente ataque em Brasília. Esse fenômeno instaura uma cultura de brutalidade que desumaniza e divide. Para superá-lo, é necessário um esforço coletivo em prol do respeito e da paz.
A nascente está no discurso de ódio, que corre como um rio, com afluentes de normalização do preconceito, formando verdadeiras bacias contaminadas pelo rancor e desaguando no vasto mar da violência.
Para romper com esse ciclo, é essencial cultivar uma cultura de respeito e empatia. Devemos nos empenhar em promover o diálogo constante e a conscientização sobre os perigos do discurso de ódio. Além disso, precisamos rever mecanismos de combate à incitação à violência, principalmente por meio dos caminhos obscuros da internet. Foto: Gabriela Biló | Folhapress.
Memória: Dom Adriano Hypólito Profeta da Baixada
| Fale conosco! | Nos conheçaProjeto Comunicando ComCausaPortal C3 | Instagram C3 Oficial ______________
Compartilhe: