Em um movimento decisivo para combater a fome e a pobreza mundial, o Brasil lançou oficialmente a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, durante a cúpula de chefes de Estado do G20, realizada no Rio de Janeiro no dia 18 de novembro de 2024. A iniciativa, considerada pelo governo Lula (PT) como seu principal legado ao fórum, recebeu a adesão de 81 países, além de 24 organizações internacionais e 31 entidades filantrópicas. Contudo, a Argentina, liderada pelo presidente ultraliberal Javier Milei, foi a única nação do bloco a não apoiar o projeto.
A Aliança tem como objetivo central mobilizar esforços para alcançar 500 milhões de pessoas em países de baixa e média baixa renda até 2030. A parceria internacional visa não apenas a mitigação da fome, mas também o combate às desigualdades sociais e a promoção de políticas públicas eficazes no enfrentamento da pobreza. A proposta foi aberta para adesões desde julho de 2024, quando o Brasil, juntamente com Bangladesh, liderou o movimento. Até a véspera da cúpula, 41 países haviam formalizado sua adesão, incluindo nações como Canadá, Estados Unidos, Egito, Somália e Zâmbia.
A ausência da Argentina, no entanto, chama atenção, dado o contexto político tenso envolvendo a presidência de Milei, que tem se posicionado contra algumas das iniciativas brasileiras no âmbito do G20. A falta de alinhamento com a proposta do Brasil é vista como parte das divergências maiores no relacionamento entre os dois países, principalmente no que diz respeito às agendas sociais e econômicas.
Objetivos e Ações da Iniciativa
A Aliança Global Contra a Fome não é apenas uma iniciativa de mobilização política, mas propõe ações concretas de apoio aos países em desenvolvimento. A ideia central é criar um repositório de políticas de assistência social bem-sucedidas que possam ser compartilhadas entre os países membros. Além disso, a Aliança incluirá programas de transferência de renda, ampliação de merendas escolares em países com altas taxas de pobreza infantil, e iniciativas de saúde materna e de primeira infância, com foco particular em mulheres.
No Brasil, a fome ainda é uma realidade gritante. Entre 2021 e 2023, 8,4 milhões de brasileiros viveram em situação de insegurança alimentar, de acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura). A Aliança, portanto, busca inspirar políticas globais baseadas no sucesso de programas como o Bolsa Família, que tem sido emblemático nas administrações do PT.
Estrutura de Governança e Contribuições
A governança da Aliança será vinculada ao G20 e contará com uma cúpula regular dedicada ao tema da fome e da pobreza. O Brasil, como um dos líderes da iniciativa, comprometeu-se a repassar R$ 50 milhões para o secretariado da Aliança. Além disso, outros países, como Noruega, Portugal e Espanha, farão contribuições adicionais.
Uma das principais características da Aliança é sua governança descentralizada e inclusiva. A criação de um “conselho de campeões de alto nível”, formado por lideranças políticas, acadêmicas e sociais, supervisionará as ações da Aliança, garantindo que os esforços sejam efetivos e bem direcionados.
Desafios e Perspectivas Futuras
Apesar de sua grande adesão, a Aliança enfrenta desafios políticos e econômicos, especialmente em relação a países como a Argentina, que optaram por não se engajar. A ausência do país sul-americano pode ser vista como um obstáculo à coesão do G20 sobre a questão da fome, mas o governo brasileiro permanece otimista quanto ao impacto da Aliança nos países mais afetados pela pobreza.
Até 2025, espera-se que a estrutura de governança da Aliança esteja completamente operacional. Enquanto isso, o Brasil continuará a pressionar por mais adesões e a promover a integração de novas políticas públicas de combate à fome e desigualdade em sua plataforma internacional.
Com sua ampla base de apoio e a liderança ativa do Brasil, a Aliança Global Contra a Fome tem o potencial de se tornar um marco no esforço global para erradicar a fome e melhorar as condições de vida das populações mais vulneráveis do mundo.
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